Prevenção, diagnóstico e tratamento da depressão perinatal são os objetivos do projeto da Riseup-PPD. Documento será discutido no Parlamento Europeu. Por Liliana Martins e Inês Reis
A rede de investigação internacional Research Innovation and Sustainable Pan-European Network in Peripartum Depression Disorder (Riseup-PPD) desenvolveu um projeto para a prevenção, diagnóstico e tratamento de depressão em período perinatal. O resultado consiste num documento, elaborado sob a coordenação da Universidade de Coimbra, composto por 44 recomendações práticas direcionadas a profissionais de saúde e a pacientes.
Financiado pelo European Cooperation in Science and Technology, o trabalho resulta da colaboração de investigadores oriundos de 31 países europeus e, segundo a coordenadora Ana Ganho Ávila, “debruça-se sobre as questões da depressão perinatal que impactam a mulher, a criança, as famílias e a sociedade em geral”. A problemática abordada prende-se com a instabilidade da saúde mental vivida pela maioria dos progenitores durante a fase da gravidez e nos primeiros 12 meses após o parto. Isto deve-se à “incerteza relativamente à sua competência parental”.
A investigadora acredita existir um estigma acerca da depressão pós-parto causado pela falta de educação das sociedades, de treino dos profissionais de saúde e pelos escassos recursos de apoio psicológico. Assim, um dos objetivos primários do estudo é servir de apoio à comunidade, educando “gerações inteiras no sentido de prevenir problemas futuros”.
As recomendações previstas no documento vão ser apresentadas no Parlamento Europeu no próximo dia 7 de novembro. As expectativas da equipa para a reunião passam por “promover a discussão e colocar a questão da saúde mental no período perinatal na agenda política”, refere Ana Ávila.
Apesar de o conjunto de orientações já poder ser adotado por todos os serviços de saúde sediados nos 31 países membros da rede Riseup-PPD, Ana Ávila avança que os planos para o futuro do projeto incluem a disseminação do documento através da tradução para várias línguas. A investigadora revela que a sua preocupação é, sobretudo, a condição das mulheres que muitas vezes são “deixadas à sua sorte por não haver alternativas disponíveis no seu país”.
