Pesquisa visa dar novos ciclos de vida a produtos não-renováveis. Urbanismo sustentável é foco. Por Mafalda Adão e Guilherme Borges
Projeto CoolAsphalt teve início em janeiro de 2020 e chegou à sua conclusão em junho de 2023. Teve como objetivo reduzir os impactos ambientais das rodovias ao reutilizar materiais de pavimentação betuminosos, que já estão inseridos na rede de estradas e que se encontram degradados com o uso. Silvino Capitão, professor e investigador do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), afirma que o produto tem potencial para ser utilizado em 70 mil quilómetros de estradas portuguesas.
A nova iniciativa surgiu como uma ideia de “dar um novo ciclo de vida” aos betuminosos, resíduos do betume, que é um dos constituintes do asfalto. Para isso, é usado o óleo alimentar que tem a capacidade de repor algumas das propriedades que o componente mineral perde com o tempo. Juntamente com outros materiais, é possível obter um produto de qualidade adequada para estradas de baixo e médio tráfego.
Segundo o professor, Portugal continental tem cerca de 70 mil quilómetros de estradas onde este produto tem potencial para ser utilizado. Durante os ensaios feitos em laboratório, comprovou a sua resistência e durabilidade, assim como o facto de poder ser produzido à escala industrial sem dificuldades. O investigador consta que este “não é o produto que resolve todos os problemas, mas é uma solução” que reconhece a importância dos recursos não renováveis, a redução do impacto ambiental e dos custos de conservação.
Em termos internacionais, Silvino Capitão diz que é necessária a valorização dos resíduos “quer em Portugal, quer no estrangeiro”. Adiciona que seria uma mais-valia para o país que, em comparação com outras nações desenvolvidas da Europa, se encontra atrasado. O professor conclui que fica satisfeito “com os objetivos alcançados com esta proposta disruptiva, face ao que é a prática corrente no mercado da construção de pavimentos”.
