“Tesouro da Biblioteca Geral” discutido em tertúlia. Investigador convidado traz perspetiva histórica a “Armorial Poético”. Por Iris Jesus e Matilde Mendes
“Armorial Poético” dá nome à mais recente edição do ciclo “Tesouros da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra”, dada a conhecer no dia 8 de novembro. Esta iniciativa é organizada desde 2020 pela Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC) em conjunto com a Liga de Amigos da Biblioteca Geral da mesma universidade (LIBGUC). O livro apresentado reúne uma extensa coleção de 452 desenhos de brasões de armas, acompanhados de 71 poemas heráldicos datados entre 1578 e 1590. Estes textos foram “possivelmente escritos por D. João Ribeiro Gaio, bispo católico de Malaca”, destaca o diretor-adjunto da Biblioteca Geral, A. E. Maia do Amaral.
O manuscrito apresentado representa armas nacionais, míticas e individuais, atribuídas a várias personalidades da nobreza portuguesa e espanhola. A. E. Maia do Amaral define o livro “Armorial Poético” como um conjunto de “tesouros óbvios e incontestáveis”. O representante da casa descreve ainda o formato destas sessões, que costumam juntar “um historiador e um bibliotecário para falar da materialidade” do assunto em discussão.
Desta forma, este evento trouxe à cidade Miguel Metelo de Seixas, investigador integrado do Instituto de Estudos Medievais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O mesmo designa a heráldica – sistema de identificação visual de brasões de armas – como “uma espécie de dimensão mítica”. Acrescenta ainda que a construção de um universo mental inerente a estes armoriais é uma “capacidade que os livros têm em geral, mas que os da heráldica têm em particular”.
Esta sessão, nas palavras de Rui Damasceno Rato, estudioso interessado na área, foi “uma tertúlia, interessante e motivadora”. Este sentimento é partilhado por outros membros do público, como é o exemplo de Rui Munhoz, membro da LIBGUC, que complementa dizendo que “a organização funciona muito bem”.
Para os entusiastas do tema discutido, Miguel Metelo de Seixas, recomenda a visita à igreja de Nossa Senhora de Oliveira, em Guimarães, bem como à Sala dos Brasões do Palácio Nacional de Sintra. Já para os interessados nas iniciativas da BGUC, A. E. Maia do Amaral assegura que esta instituição vai “continuar a fazer sessões como estas, até porque tesouros não faltam nesta casa”.
