Programa de formação de públicos para cinema dirigidos a escolas do ensino pré-escolar e primeiro ciclo de ensino básico. “Arte é transformadora e crianças têm direito a ter essa experiência”, afirma Sara Seabra. Por Miguel Pombo e Jéssica Soares
No dia 15 de novembro, a Casa da Esquina foi palco da Exposição Crianças em Ação. Como resultado das três sessões do projeto de orientação cinematográfica, as crianças e as suas professoras, apresentam as atividades realizadas no ano letivo de 2022/23. Sara Seabra, a coordenadora do projeto, explica a importância da imagem, do som e do movimento num primeiro contacto das crianças com o mundo do cinema. A sessão contou com a presença de Maria Carlos, a diretora do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Coimbra.
A coordenadora explica ver este primeiro contacto com a sétima arte como “fundamental” em alunos do ensino pré-escolar e primeiro ciclo de ensino básico. “Esta é a idade em que nós conseguimos consolidar este impacto do cinema e fica como referência para o resto da vida”, sublinha Sara Seabra. Portanto, o objetivo do programa passa por “plantar e sedimentar” nas crianças um “conjunto de noções” em relação à arte cinematográfica, para que estas se consigam relacionar “com o cinema”, tanto agora, como no futuro.
Como “a maior das inspirações”, a coordenadora aponta Georges Méliès, que caracteriza como “o pai da magia do cinema”. Méliès pintava os próprios rolos de película de forma a dar cor aos seus filmes, o que impulsiona Sara Seabra a servir-se desta “história inspiradora” para as atividades que propõe em prol do projeto. As práticas promovidas incluem, por exemplo, a pintura através da projeção de fotogramas e a pintura à mão sobre a película.
O projeto iniciou-se nas escolas da Almedina, São Bartolomeu, Assafarge e São Silvestre, expandido depois para a Escola Básica de Olivais e Castelo Viegas. Sara Seabra salienta a dinamização da ideia em escolas da periferia possibilitando a todos o acesso à sétima arte, pretende assim, diminuir a barreira geográfica e económica na instrução cultural das crianças. Reforça ainda a importância do cinema e da arte na educação e crescimento dos alunos: “A arte é transformadora e as crianças têm direito a ter essa experiência”. A coordenadora considera que a falta de contacto com a arte resulta num crescimento “enfraquecido, não tão rico como deveria ser”.
A Casa da Esquina tem, no entanto, atravessado algumas dificuldades no que diz respeito ao financiamento. A não atribuição de apoio pela Direção Geral das Artes coloca em dúvida a programação de projetos futuros: “Há muitas dificuldades em conseguir respostas, só resta aguardar uma definição”, afirma Sara Seabra. Apela, em nome da casa, à entrada de donativos e investimentos, tanto públicos como privados, no apoio à associação, anunciando estar “disponível para receber donativos de muitos sítios e mesmo que mais pequenos”.
Este organismo concentra-se sobretudo no trabalho cultural, mas diverge também para a intervenção social e a economia solidária. Alguns dos seus outros programas incluem o projeto Marquise, o Mercado da Feira do Livro Dado e a Feira da Troca de Roupa. “Todos os projetos da casa partem dessa base comunitária comum, do pressuposto de trabalhar em comunidade e haver espaço para as pessoas poderem desenvolver os seus projetos”, declara Filipa Alves, diretora artística da Casa da Esquina.
