“Impunidade” dentro das IES é criticada. Fraca adesão é lamentada por manifestantes. Por Marta Tavares
No dia 7 de novembro, cerca de 20 pessoas juntaram-se um quarto de hora após o estabelecido (18 horas) no protesto do movimento nacional “Academia Não Assedia”. Constança Páris, coordenadora geral da HeforShe Coimbra, defende que a necessidade de trazer a manifestação à cidade deve-se às 42 denúncias na Universidade de Coimbra (UC) no último ano e às alegações dentro do Centro de Estudos Sociais. Salienta ainda os “casos omitidos dentro da academia”. O momento decorreu em colaboração com o Núcleo Feminista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Para abrir a ocasião Constança Páris, proferiu: “Juntamo-nos para dizer basta. O assédio não tem lugar nas nossas universidades”, citação que introduz o manifesto da organização. Em paralelo aos protestos realizados em Lisboa e Braga, os estudantes de Coimbra saíram à Praça D. Dinis de cartazes em punho. Entoaram-se palavras de ordem como “deixa passar, sou feminista e o mundo eu vou mudar”; “quem diria, quem diria que a sala de aula temeria”; “senhor reitor, responsabilize-se por favor”.
O descontentamento relativo à falta de ação por parte da reitoria da UC contra o assédio é um sentimento partilhado entre os manifestantes. Gustavo Mourinho, aluno do Departamento de Química da instituição, acusa os núcleos de estudantes e as associações académicas de não estarem “suficientemente ativos perante um problema que afeta toda a vida estudantil”.
“Ainda há uma impunidade muito grande”, critica Sarah Amaral. A cidadã, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca o medo que existe em falar abertamente sobre estas situações devido ao “receio de sair prejudicada”. Considera que é inadmissível as pessoas ainda terem de lutar para serem respeitadas na sua Instituição de Ensino Superior (IES).
A falta de adesão ao protesto preocupou alguns dos participantes. “O assédio na academia é tão recorrente que toda a gente devia estar aqui”, assevera Damas Morais. A aluna do Instituto Confúcio da UC admite já ter sido alvo de condutas inapropriadas, e acrescenta que “estas opressões multiplicam-se”.




