Cientista destaca importância que animais têm na regeneração ambiental. Pressão política é essencial para criação de medidas de proteção da biodiversidade. Por Guilherme Borges e Leonor Viegas.
Investigadores do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) publicaram um estudo sobre a importância da dispersão de sementes na recuperação das florestas após um incêndio. Os resultados comprovaram que estes serviços podem custar mais de 23 milhões de euros por ano.
O líder do projeto, Sérgio Timóteo, revela que a ideia surgiu na sequência dos fogos que ocorreram em 2017. Conta ainda que o desconhecimento sobre o papel dos animais no processo de regeneração da floresta foi a questão de partida para a pesquisa. Apesar de “o meio-ambiente ser capaz de se recuperar, por vezes, precisa de assistência”, explica o investigador. Ilustra que, graças ao consumo de frutos, os animais têm um papel ativo na dispersão das sementes.
Sérgio Timóteo descreve que a primeira etapa da pesquisa consistiu na recolha de informação sobre as plantas, a sua capacidade de rebrotar, a resistência das suas sementes ao fogo e a forma como são transportadas por outros animais. O investigador chama a atenção para o facto de que alguns incêndios surgem de forma natural e que é preciso fazer planos de emergência para estas situações.
As espécies pioneiras “são o primeiro passo para ajudar as florestas a recuperarem” pois é através delas que se inicia o processo de reflorestação. O cientista explica que a dispersão de sementes por animais “vai contribuir para que a estrutura da vegetação volte ao que era e vai atrair outras espécies”.
Em relação ao financiamento, esclarece que existe “alguma atribuição de verbas do Estado, de associações sem fins lucrativos e de empresas privadas”. O responsável ressalta que o objetivo da iniciativa é “traduzir a importância da recuperação das espécies florestais num valor monetário”, que quantifique economicamente o seu valor intrínseco. É preciso também fazer pressão sobre os atores políticos “para que sejam implementadas medidas de proteção dos habitats e das espécies”, conclui.
O líder do projeto acredita que a técnica usada no decorrer do estudo pode ser adaptada a outros países, como Itália, Espanha e Grécia, que sofrem com incêndios recorrentes. Ainda assim, alerta que os valores devem corresponder “às características da vegetação” própria de cada região.
