Vigília tem como objetivo despertar “para o que se está a passar” no Médio Oriente. Momentos de silêncio e de gritos cobrem Praça da República. Por Mafalda Adão e Catarina Duarte
Por volta das 18h15 do dia 2 de novembro, dezenas de manifestantes juntaram-se à iniciativa organizada pelo movimento “Coimbra Pela Palestina”, na Praça da República. Foi feita uma homenagem às vítimas palestinianas numa vigília com especial foco nas mais de 2000 crianças que perderam a vida desde o ataque de 7 de outubro, em Israel.
À luz das velas, ergueram-se bandeiras e colocaram-se cinquenta caixas de cartão no centro da praça, como símbolo da perda de 9250 vítimas do conflito. No chão, também foi colocada uma figura humana fictícia confinada num saco para cadáveres e coberta por fotografias do conflito. Foram ainda expostas listas com os nomes de várias crianças assassinadas nas últimas três semanas.


Por Catarina Duarte
Os discursos arrancaram com o poema “Freedom’s call”, declamado por um cidadão de descendência palestiniana, seguido de outros manifestantes que se expressaram a favor da libertação do território através da partilha de histórias pessoais. Gritos como “Palestina vencerá” e “Free Palestine” também foram ouvidos, assim como música típica da região. Apesar disso, foi nos momentos de silêncio total que mensagens como “isto não é um conflito, é uma limpeza étnica” puderam ser lidas e absorvidas com mais atenção pelos integrantes.
Rodrigo Nogueira, porta-voz da iniciativa, reforça a ideia de que, nas últimas três semanas, se tem assistido à “mais mortífera e violenta” fase da ocupação israelita. O estudante de Psicologia declara ainda que, para ajudar neste movimento, em Coimbra, é preciso ter em mente que o conflito “também é uma guerra cultural”. Nesse sentido, vários eventos de índole cultural e gastronómica estão a ser planeados para as próximas semanas. Estes também servem para “combater a imagem transmitida pelos media de que os palestinianos são um povo desorganizado, sujo e terrorista de nascença”, defende o porta-voz.
Outro dos participantes, Rhys Pires, estudante de Arqueologia, alega que a posição atual do governo português é “humilhante e vergonhosa”. Acrescenta que o país, junto dos restantes vizinhos ocidentais, “deveria reconhecer a Palestina como um estado independente e condenar Israel pelos crimes que comete há mais de 70 anos”. O manifestante Lamin Manneh, doutorado em História, sublinha que “apagar o contexto histórico contribui para que uma grande parte dos atos sejam justificados”. Rodrigo Nogueira chama especial atenção aos estudantes para que estes aprendam “um pouco sobre a história do que tem acontecido e de como se chegou aqui”.
