Ana Lua Caiano abre primeira noite do projeto com cine-performance. Expansão do evento a novas localidades é novidade este ano. Por Catarina Duarte e Solange Francisco
A 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português, realizado em Coimbra desde 1988, ocorre de 10 a 18 de novembro. A estreia do evento deu-se com a ‘Masterclass’ “Revisitar Alcindo – concorrências entre processos fílmicos e processos sociais”, dinamizada por Miguel Dores na Casa do Cinema de Coimbra (CCC). De acordo com Tiago Santos, membro da Direção do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC), entidade organizadora do evento, promover a adesão e o investimento do cinema nacional, que é “unanimemente reconhecido pela sua qualidade” é o objetivo.
A sessão de abertura do projeto decorreu no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), no dia 10 de novembro, tendo início por volta das 21h45. Contou com a presença do diretor do espaço, Silvio Santos, assim como do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, e do diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa. Esteve presente, ainda, a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, representada por Mariana Martins, primeira vogal com o pelouro da política cultural. Estas constituem-se como entidades apoiantes do festival.
O evento foi apresentado por Tiago Santos, que enfatizou a novidade do “Júri Universitário”, cuja função vai ser avaliar o melhor filme na secção “Ensaios”. Destacou também a expansão do festival para Penacova e Mealhada. O também organizador reforçou ainda a ideia de que se deve “aproximar o cinema português do grande público”, afirmando-se revoltado com o método de avaliação do Instituto do Cinema e Audiovisual, que “impede filmes portugueses de se expandirem no mercado nacional e internacional”.
José Manuel Silva começou por reconhecer a importância da sétima arte a nível nacional: “queremos que Coimbra seja uma cidade do cinema”. Já Mariana Martins considera que o festival “é uma referência para o país inteiro” e que está a aproximar a “comunidade estudantil da conimbricense”. Refere ainda que a resiliência do cinema português ajuda a “distinguir a academia de Coimbra das restantes do país”.
A estreia do festival foi marcada pela atuação de Ana Lua Caiano com a sua cine-performance, caracterizada pela junção de quatro curtas-metragens nacionais do início do século XX com sonoridades da artista. Em entrevista ao Jornal A CABRA, a cantautora realça a “relação de simbiose” entre a música e o cinema na sua atuação: “sem os filmes, não surgiriam as melodias”. Para Ana Lua Caiano, o que caracteriza a sua arte é a “conjugação de instrumentos tradicionais, como o bongo ou as castanholas, com o uso da tecnologia em ‘loop’”.


Por Catarina Duarte
Ao longo da sessão, a artista apresentou três temas da sua discografia: “Sai da Frente, Vou Passar”, “Se Dançar É Só Depois”, tema que deu nome ao seu segundo álbum, e “Mão na Mão”. Com o culminar do espetáculo, a artista convidou o público de várias faixas etárias a acompanhar o ritmo da música com palmas. No fim, foi aplaudida de pé pela plateia.
Ao longo dos dez dias, em particular, em espaços como o TAGV, o Auditório Municipal de Penacova, a CCC e o Cine-Teatro Messias na Mealhada, o público vai poder assistir a 156 exibições cinematográficas. Estas encontram-se categorizadas em cinco seleções principais: “Ensaios”, “Caminhos”, “Outros Olhares”, “Programação” e “Juniores”. Ainda, vai ser possível ficar a conhecer produções estrangeiras através da categoria denominada “Filmes do Mundo”. Por fim, o público vai poder assistir a ‘Masterclasses’, assim como ao Simpósio Fusões no Cinema, em momentos de formação relacionados com o cinema nas suas várias vertentes.

Por Catarina Duarte
