Cidade

Coimbra vai receber manifestação nacional contra assédio na academia

Fotografia cedida por Raquel Oliveira

Comunidade HeForShe e Movimento Academia Não Assedia unem-se em protesto. Valorização da voz estudantil e incentivo à denuncia são pilares das reivindicações. Por Salete Bernardino e Íris Jesus

No próximo dia 7 de novembro, pelas 18 horas, a Praça Dom Dinis vai ser o palco de uma manifestação nacional organizada pelo Movimento Academia Não Assedia. O projeto vai passar também pelas cidades de Lisboa e Braga, onde foram reportadas mais de 150 denúncias de abuso moral e sexual nas respetivas universidades.

Segundo a presidente do Núcleo Feminista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), Raquel Oliveira, a necessidade de organizar uma manifestação desta dimensão provém da ideia de que “o assédio não acontece só na Universidade de Lisboa”. Ao mesmo tempo que menciona “os recentes casos registados no seio da Universidade de Coimbra”, a dirigente associativa alerta que esta situação “também acontece noutras zonas do país”.

Por outro lado, Raquel Oliveira avisa que “é preciso que este tema não caia no esquecimento”, e espera alertar as comunidades estudantis sobre a importância de reportar estas situações. Nas palavras da presidente do Núcleo Feminista da FDUL, “o assédio acontece, mas os alunos que já foram vítimas têm medo de fazer denúncias devido a represálias que possam ter no futuro”.

O Movimento Academia Não Assedia chegou a Coimbra no âmbito de uma parceria com a Comunidade HeForShe, no início do ano letivo vigente, e a junção dos dois previu, desde logo, a organização desta manifestação. Além disso, a coordenadora-geral da Comunidade HeForShe, Constança Páris, defende “a criação, em cada estabelecimento de ensino superior, de um gabinete de denúncia que retire a burocracia ao processo”.

A publicitação do protesto tem sido feita através de publicações nas redes sociais, em particular pelo ‘Instagram’ e ainda pelo ‘Twitter’, onde, segundo Raquel Oliveira, “se verifica uma menor adesão”. O projeto tem organizado, ainda, a divulgação no seio das faculdades, onde se afixaram cartazes a favor das suas reivindicações.

As perspetivas de adesão nesta manifestação variam entre dirigentes. A responsável pela organização em Coimbra revela-se “bastante positiva”. Já a presidente do Núcleo Feminista da FDUL prevê que “a adesão não seja muita, tendo em conta que se aproximam épocas de avaliação”. Contudo, ambas assumem que, quanto maior a adesão, maior vai ser o impacto da manifestação no meio académico, sendo que o objetivo é repetir esta ideia todos os anos.

Raquel Oliveira frisa ainda o valor da luta estudantil neste movimento: “apelo a que os estudantes façam parte da manifestação e que lutem dentro das próprias faculdades contra estas práticas”. A estudante da FDUL conclui ao ressalvar que “esta não é uma luta só de alguns, é uma luta de todos”.

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