Cultura

Secções Culturais acusam falta de condições de trabalho

Ana Filipa Paz

Cheiro de urina na tenda do CIAAC leva secção a interromper atividade. Administração da DG/AAC diz não ter solução para problema e recusa-se a prestar declarações. Por Ana Filipa Paz, com colaboração de Sofia Ramos

Desde o início da Festa das Latas, as Secções Culturais da Associação Académica de Coimbra (AAC) têm visto as suas tendas infestadas com urina. No terceiro dia, o Centro de Informática da AAC (CIAAC), que tinha a banca mais próxima da unidade sanitária, anunciou que se recusava a trabalhar, pela falta de condições. A administração da AAC não deu resposta ao problema e recusou-se a prestar declarações. O pelouro da cultura da Direção-Geral da AAC (DG/AAC) e a coordenação-geral adjunta da cultura e da logística da Latada têm trabalhado para resolver a questão, admitindo “falhas de comunicação” entre a coordenação. 

No primeiro dia da festa, o presidente do CIAAC, Paulo Ramos, diz ter “reparado que na parte interior da barraca, do lado dos urinóis, estava a surgir um pouco de humidade”. Na tarde do dia seguinte, a secção informou Mariana Martins, número um do pelouro da cultura da DG/AAC, que a tenda cheirava a urina. Na tentativa de dar resposta ao problema, Mariana Martins contactou Diogo Tomázio, administrador da AAC, “que disse que veio ver a situação e não havia muito a fazer”, conta. Mais tarde, perto da hora de abertura do recinto, a estudante falou com Fábio Cunha: “primeiro contactei o topo, depois recorri ao coordenador-geral adjunto da cultura, que está no cargo abaixo do administrador”. 

Primeiras soluções encontradas

Fábio Cunha explica que, por ter sido contactado em cima da hora, não conseguiu resolver o problema. A solução encontrada foi colocar urinóis no espaço que existia entre a zona sanitária e a tenda, excluindo a possibilidade de pessoas poderem urinar para o chão. O problema não ficou resolvido e o cheiro infeccioso da urina levou a que as três secções presentes, CIAAC, SOS Estudante e Secção de Astronomia, Astrofísica e Astronáutica, tivessem de partilhar as duas tendas restantes. Inês Coelho, vice-presidente da SOS Estudante, explica que “ter várias secções na mesma tenda dificulta o trabalho de todos”. Paulo Ramos viu esta solução como “temporária”, por não se revelar adequada à atividade que o CIAAC tinha preparado.

Marta Simões, coordenadora de voluntários da SOS Estudante, revela que “nos últimos dias tem ficado da parte de fora da barraca”, pela intensidade do cheiro. A seccionista defende que têm de ser asseguradas as condições de trabalho necessárias para que as secções possam promover os seus projetos” e prevê que a situação piore nos próximos dias e chegue a afetar o desempenho da sua secção. “A nossa banca já está a ficar com algum cheiro, nada que nos impeça de trabalhar, mas como estamos lá tantas horas acaba por ficar desconfortável e afastar as pessoas”, descreve Inês Coelho.

Na tentativa de resolver definitivamente o problema, as coordenações da cultura e da logística, nas pessoas de Fábio Cunha e Xavier Marcos, comunicaram à empresa responsável pelas casas de banho portáteis que algumas “vinham com problemas, inclusive fugas”, mas não obtiveram resposta. A par disso, Xavier Marcos esclareceu que amanhã, dia 7, “vêm bombeiros ao recinto com uma mangueira de água para passar lixívia ou algum tipo de líquido no chão para minimizar o odor”. Paulo Ramos explica que esta não é uma situação viável, uma vez que vão continuar a inalar gases tóxicos prejudiciais à saúde. 

A adicionar a estes problemas, Paulo Ramos diz que, depois das 3 horas, quando as barracas das secções culturais fecham, pessoas no recinto entram nas tendas. Inês Coelho da SOS Estudante reforça que “não há segurança na forma como as barracas fecham, qualquer pessoa entra lá”. Em resposta, Fábio Cunha propõe a possibilidade de alocar uma equipa de seguranças para vigiar as tendas.

CIAAC denuncia “diferentes níveis de vontade de tentar resolver as coisas”

Paulo Ramos confessa alguma dificuldade em arranjar uma justificação para a falta de resolução. O dirigente deixa claro que “há diferentes níveis de vontade de tentar resolver as coisas dentro da organização e da Direção-Geral”, bem como “uma falta de planeamento”. Fábio Cunha admite “uma falta de comunicação e auscultação entre membros da coordenação”, que atrasaram a resolução do problema. 

Face à falta de resposta por parte da administração, o presidente do CIAAC anuncia que “se até ao final da noite não apresentarem uma solução viável, amanhã a secção vai fazer questão de entregar as cinco credenciais à Mariana Martins, só são precisas para trabalhar”. Reitera: “há quem diz que tem mais em que pensar e não se preocupa com o facto de haver estruturas e trabalhadores voluntários cuja sua finalidade fica em causa à custa deles”. Paulo Ramos explica “querer envolver as outras partes na solução” e critica os dirigentes “no topo hierárquico na DG/AAC, de apenas quer ter o protagonismo das suas coisas e não quer saber dos outros”. 

Mariana Martins sublinha o estado “desumano em que as secções estão a trabalhar” e acredita que “tem de haver alguma coisa que se possa fazer”. Fábio Cunha e Xavier Marcos também se mostram com vontade de encontrar uma solução e comprovam que nos últimos três anos, tendo estado envolvidos na organização da Festa das Latas e da Queima das Fitas, é recorrente o problema com a localização das secções no recinto. O presidente do CIAAC aponta como possível solução no futuro as secções serem colocadas em contentores e longe dos urinóis. 

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