Cultura

Ornatos Violeta aclaram recinto preto e branco 

Sofia Moreira

Quarta noite da FL’23 assinalada pela interação entre artistas e público. Volume alto proveniente da tenda afeta atuação das FANS e causa descontentamento. Por Raquel Lucas e Sofia Moreira 

O relógio batia as 23h30 quando a Desconcertuna, Tuna Mista da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra, subiu a palco para arrancar a quarta noite da Festa das Latas de 2023 (FL’23), no dia 8 de outubro. Na programação constavam os cabeças de cartaz Ornatos Violeta e Alcool Club, seguidos das atuações da Estudantina Universitária de Coimbra e das FANS – Tuna Feminina da Universidade de Coimbra (UC). 

A atuação contou com temas como “A Balada da Trincana”, com destaque para a voz de Beatriz Santos, solista do grupo académico, assim como “O Impedido” e “Hino de Estudante”. Com este último tema, os estudantes apelaram aos seus ouvintes caloiros que saltassem e libertassem a sua energia para conhecerem mais sobre a vida de alguém que estuda em Coimbra. O público, de dimensão reduzida, embarcou no concerto e moveu-se ao som das pandeiretas e das vozes melódicas do grupo académico, com um ambiente marcado pela cor-de-laranja. 

Fotografias por Raquel Lucas

Ricardo Coelho, membro da plateia e antigo estudante na cidade, revelou que o motivo da sua vinda à FL’23, esta noite, foi a atuação de Ornatos Violeta. No entanto, afirmou ter ficado surpreendido com a atuação da tuna, que “conseguiu puxar pelo público”. O jovem mencionou, ainda, a importância atribuída aos grupos académicos em relação às suas atuações: “na altura em que eu estudava cá, não se dava a devida atenção a este tipo de coisas que marcam a identidade de Coimbra”, referiu. 

Os próximos a prestigiar o palco principal foram o trio Alcool Club. Composto por Praso, Montana e Sanguibom, o grupo de hip-hop e jazz ‘underground’ voltou a visitar Coimbra após uma atuação na Queima das Fitas de 2022, no palco secundário. No que toca a esta ascensão, o grupo confirmou que a entrega da sua performance é “sempre a mesma, seja para cinco pessoas ou para cinco mil”. Os ‘rappers’ introduziram-se ao público com um instrumental e logo pegaram nos microfones para animar a plateia com as suas letras disruptivas. 

A primeira faixa da atuação foi “Escuta”, do álbum “Rap Proibido”, lançado em 2016, seguida por “Enquanto Há Quem Quer Comprar”, do projeto Club 120. De seguida,  juntou-se aos artistas a cantora Sara D. Francisco, para apresentar a música “Equilíbrio”. Sobre o repertório escolhido, Praso referiu que o seu grupo “tem sempre um bocado de tudo”, desde “os temas mais antigos, de 2010” aos mais recentes, como o álbum “Rap Proibido”. O músico destacou que as suas performances “não se focam num público específico, mas também não desprezam o restante”, visto que a sua mensagem “não tem idade, sexo, cor nem género”. 

Fotografias por Sofia Moreira

Ornatos Violeta foi o tão esperado nome que se seguiu na programação, acompanhado por uma iluminação escura e vários urros da plateia. Com os gritos “Manel Cruz, Manel Cruz, Manel Cruz!”, a banda portuguesa de rock alternativo foi recebida no palco conimbricense pela primeira vez desde o início dos anos 2000. O grupo abriu o espetáculo com a faixa O.M.E.M. e a música que se sucedeu foi “Pára de Olhar Para Mim”, ambas do álbum “O Monstro Precisa de Amigos”. O projeto foi aclamado como álbum do ano em 1999, altura em que foi lançado, pelos prémios Blitz. Não tardou até que os temas do mesmo álbum, “Chaga” e “Ouvi Dizer”, enchessem a plateia de energia, que se manteve assim até ao findar do concerto, perto das 3h.

Fotografia por Sofia Moreira

Momentos depois foi a vez da Estudantina Universitária de Coimbra atuar, recebida com aplausos e gritos por parte do público. Os estudantes do grupo académico convidaram antigos membros para se juntarem ao palco para cantarem temas como “Afonso”. Entretanto, pediram às jovens da plateia que dançassem com o grupo durante o tema “Rapariga”, momento que os fez saltar e trazê-las para o palco, o que resultou em vários pares de dança e muita animação. Além das boas vindas aos novos estudantes da cidade, o grupo deu os parabéns aos finalistas, que “estão a acabar a sua saga em Coimbra” e encerrou a sua performance com o famoso tema “Traçadinho”. 

Fotografias por Raquel Lucas

Para finalizar a noite, as FANS – Tuna Feminina da Universidade de Coimbra, trouxeram ao público temas como “Fonte dos Amores”, baseado na história de amor de Pedro e Inês e “Andarilho”, música dedicada aos antigos membros do grupo. Entre as fitas das pandeiretas e os tons harmónicos femininos, a tuna fez-se acompanhar da flauta transversal, das guitarras, dos cavaquinhos e do acordeão para manter o ritmo vibrante da plateia. 

Com o chegar do fim do concerto, a tuna aproveitou para demonstrar o seu descontentamento, ao ver-se perturbada pelo volume alto da música proveniente da tenda, que afetou a sua atuação. De acordo com um dos membros, esta é uma situação que tem sido recorrente ao longo dos anos. Nesse sentido, Romeu Mota, estudante de mestrado na Faculdade de Economia da UC, comentou o acontecido, afirmando ser “um desrespeito para com os grupos académicos”. Apesar das perturbações ao concerto, o jovem descreveu a tuna como sendo “dinâmica e entretida”. Para se despedir da Festa das Latas, o grupo cantou a música “Sonho a Preto e Branco” e agradeceu pela presença da plateia, prometendo voltar a subir aos palcos no próximo ano.

Fotografias por Raquel Lucas

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