Cultura

Músicas populares dão ambiente ao fim da Festa das Latas

Gabriela Moore

Canções portuguesas ressoam nas vozes de Pedro Mafama, Miguel Bravo e Quim Barreiros. Último destes relembra seu histórico de 35 anos em festas académicas. Por Gabriela Moore e Daniel Oliveira 

Mais um domingo de Latada, mais um dia marcado pela cerimónia de imposição de insígnias e o cortejo. Como manda a tradição, os estudantes de Coimbra reuniram-se na Praça da Canção para as últimas atuações da Festa das Latas 2023 (FL’23).

Dos grupos académicos, subiram a palco a Orquestra Típica e Rancho e a Orxestra Pitagórica, da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC), e o Coral Quecofónico do Cifrão. Quanto aos artistas principais, Miguel Bravo e Quim Barreiros voltaram a solo conimbricense, enquanto Pedro Mafama fez a sua estreia nas festas académicas da cidade.

A noite no recinto começou mais cedo, com o bailado trazido pela Orquestra Típica e Rancho, às 23h15. O grupo, cujo repertório incide em música e coreografia folclórica da região de Coimbra, tocou temas como ‘Encadeia’, ‘Caiu a Laranja’ e ‘Vira de Quatro’.

Rebecca Battisti, artística da Típica, avalia que a atuação “correu bem”, apesar do “típico” pequeno público que acompanha o início das noites do parque, “sobretudo tratando-se do dia de cortejo e última noite de recinto”. A estudante refere que, apesar de começarem sempre com ‘Fogueiras de S. João’ e fecharem com ‘Vira de Coimbra’, este ano mudaram a entrada. “Era uma coisa fixa – só andar – e tentou-se evoluir isso um bocado”, explica. 

Filipa Pinho, também artística do grupo, sentiu-se “feliz” pela atuação, apesar das poucas pessoas que compareceram. A seccionista realça que, a nível performativo, sentiu evolução nas danças. Dá como exemplo um dos temas que apresentaram: as ‘Camélias’, dança que não faziam “desde que a Típica foi a Espanha, há mesmo muitos anos”

Seguiu-se, dez minutos depois da meia-noite, a entrada de Miguel Bravo, o primeiro dos destaques da noite. Com um público já maior do que na hora anterior, o artista fez cantar e dançar a multidão com músicas lusófonas conhecidas. Em conferência de imprensa, admitiu que não sabe como manteve a “malta”, cansada de um “forte” cortejo, com tanta energia. Não obstante, observou que a Festa das Latas tem um público mais “novo”, e mais energético do que a Queima das Fitas.

Questionado sobre projetos futuros, Miguel Bravo informou que lançou músicas originais e que pretende montar espetáculos no próximo ano, para o público começar a não cantar apenas “músicas de outras pessoas”. O artista também revelou que “já está apalavrado” o seu regresso na próxima Queima das Fitas.

A estreia de Pedro Mafama na Festa das Latas veio depois, à 1h15. Conhecido pelo ‘hit’ ‘Preço Certo’, o jovem artista veio mostrar a Coimbra o que torna o seu repertório original. Com bases populares adaptadas a instrumentais modernos e letras que atingem o público mais jovem, o músico oriundo da Graça tocou temas como ‘O Baile vai começar’, ‘Estrada’, ‘Alegria’ e ‘Virou’.

Como de costume, Quim Barreiros, querido dos estudantes, esteve em palco com os seus clássicos, com início às 2h20. Em conferência de imprensa, relembrou que toca nas festas académicas de Coimbra desde 1988 e que, desde aí, “muito mudou”. “Tio Quim”, como é referido por muitos, não pretende parar “enquanto Deus dê saúde”.

Findas as atuações principais, chegou a hora da Orxestra Pitagórica erguer o seu estandarte mais uma vez na Praça da Canção. A atuação do grupo da SF/AAC, que começou às 3h30, contou com clássicos como ‘Comboio’ e ‘Conclave de Sol’, assim como os temas novos ‘Onlyfans’ e ‘Kebab’. Em conferência de imprensa, a Pitagórica explicou que ‘Onlyfans’ surgiu por ser um assunto que está nas tendências. Quanto à ‘Kebab’, o grupo afirmou que quem ouvir a música “vai pensar: ‘quem nunca?’”. 

O último tilintar da FL’23 foi dado então pelo Coral Quecofónico do Cifrão. Com “Tuna da Nossa Faculdade” e a fechar com uma “Balada da Despedida”, o grupo teve de disputar o som e o restante do público com a tenda, que se fez ouvir mais forte com o esvaziamento do recinto. Terminou assim mais uma Latada, e agora os estudantes de Coimbra esperam por maio para trocar os grelos pelas fitas.

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