Grupos da academia criticaram organização do evento. As FANS, TFMUC, Estudantina Universitária de Coimbra e Orxestra Pitagórica não atuaram em protesto. Por Daniela Fazendeiro
Com começo marcado para as 17 horas do dia dois de outubro, o Sarau da Festa das Latas e Imposição das Insígnias, realizado nos Jardins da Associação Académica de Coimbra (AAC), teve início apenas 50 minutos depois. O espetáculo, organizado pela Direção-Geral da AAC, contou com atuações da Secção de Fado da AAC (SF/AAC), de organismos autónomos e de grupos académicos. Queixas relacionadas com a organização do evento, por parte das tunas convidadas e voluntários, marcaram o decorrer da noite. A Estudantina Universitária de Coimbra e a Orxestra Pitagórica recusaram-se a subir a palco devido aos atrasos entre atuações. As FANS e a Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra, por sua vez, subiram a palco para informar que não iam atuar.
O Orfeon Académico de Coimbra inaugurou o palco, num momento em que a adesão do público se revelava escassa. Seguiu-se o Grupo de Cordas, que manifestou o seu desagrado quanto à realização do Sarau Académico antes da pausa letiva da Festa das Latas. Já pelas 22h30, com um atraso de duas horas e meia, o Coro Misto da Universidade de Coimbra (CMUC) interrompeu a sua atuação para se posicionar contra a comissão organizadora: “esperamos que no próximo ano haja mais respeito pelos grupos académicos, que as condições sejam melhoradas e que sejamos ouvidos”.
Catarina Pastilha, antiga presidente do CMUC, explicou foi exigida uma caução “elevada” de 150 euros para usufruírem de uma refeição nas cantinas. Segundo a coralista, a DG/AAC pediu a caução para evitar o desperdício alimentar e porque foi uma exigência dos Serviços de Ação Social da UC, o que se provou ser falso quando contactaram a estrutura. Assim, cantaram “Acordai” de Fernando Lopes-Graça, em tom
de protesto. Durante um período de tempo, a ilha onde os voluntários estavam a vender finos esteve parada, com a justificação que a administração não forneceu as condições necessárias para a execução do trabalho.
O presidente da SF/AAC, Diogo Ferreira, lamenta as condições escolhidas para o sarau. Na sua ótica, o espaço exterior e o dia “deslocado da pausa letiva da festividade” são prejudiciais, pois afastam a tradição da “sua génese e importância”. Afirma que mostraram à DG/AAC o descontentamento que sentem, mas escolheram atuar uma vez que marcam presença todos os anos.
“Existem eventos organizados fora do recinto da Festa das Latas que têm perdido visibilidade por causa da descredibilização dos costumes”, refere. Critica também a falta de vontade por parte da organização em tornar o sarau no que foi outrora, “um evento de comunhão entre os estudantes e os grupos da academia”. À semelhança do CMUC, o dirigente também desaprovou o valor da caução, pois os 900 euros pedidos à SF/AAC “não são plausíveis face às circunstâncias”.



Mariana Martins, vogal da Política Cultural da DG/AAC, acredita que o Sarau Académico é um momento onde é possível concentrar “num curto espaço de tempo” todas “as boas estruturas musicais”. Realça também o papel desempenhado pelo evento de dar a conhecer aos novos estudantes a diversidade dentro da academia. A estudante explica que a realização, pelo segundo ano consecutivo, nos Jardins da AAC deve-se à expetativa de uma maior adesão num espaço ao ar livre, ao contrário do que observaram nas últimas edições que ocorreram no Teatro Académico de Gil Vicente. A inclusão do sarau num “dia pré latada” também se manteve devido à vontade de captar mais público.
Tendo em mente a ausência da SF/AAC e de organismos autónomos no evento do ano letivo passado, Mariana Martins explica que “a primeira preocupação” foi perceber a viabilidade da realização do evento num espaço exterior. O aumento do número de atuações de 10 para 20 “não foi fácil”, mas acredita ser importante mostrar “os vários grupos”, no lugar de ter apenas “cinco grupos a atuar uma hora cada”. O lucro originado pelo sarau vai ser revertido para o fundo de Ação Social António Luís Gomes, concebido para responder às dificuldades dos estudantes. Mariana Martins assume que o objetivo é “vender o máximo”, para assim poderem ajudar quem mais necessita.
