Cidade

Coimbra sai de casa para manifestar pelo direito à habitação

Luísa Rodrigues

Membro do Porta Adentro almeja “plano coordenado estrutural para habitação” por parte do governo. Repúblicas, preços das rendas e pouca oferta pública foram assuntos destacados. Por Luísa Rodrigues

Na tarde do dia 30 de setembro, na Praça 8 de Maio, centenas de pessoas juntaram-se para manifestar pelo direito à habitação. Esta mobilização foi organizada pelo movimento Porta Adentro, em conjunto com vários coletivos como o Porta-a-Porta, Os Mesmos de Sempre a Pagar, o Centro de Vida Independente, o Grupo de Estudos Maria Quitéria e várias repúblicas de Coimbra. Ao longo da concentração ouviram-se cantos como: “Queremos casas para morar, não para especular”; “O custo de vida aumenta, o povo não aguenta”; “Para o banco vão milhões, para nós nem tostões”.

A manifestação contou com as intervenções de diferentes coletivos que demonstraram o seu descontentamento perante a situação habitacional do país. Mariana Rodrigues, membro do Porta Adentro, sublinhou que “um acesso a uma casa para morar” é “um desespero para a maioria das pessoas”. A integrante do movimento destacou o abandono escolar por parte dos estudantes e as condições dos professores que “acabam por dormir em carros” devido aos altos custos de vida.

A habitação nas repúblicas foi outro assunto abordado nos discursos. Nesse sentido, Lena Hertel, da República Solar des Kapangas, apontou que estas residências são uma “alternativa acessível” às subidas de preços das casas. Porém, existem “nulos apoios por parte da Universidade de Coimbra e Câmara Municipal de Coimbra”, referiu.

Rafael Pereira, do Movimento Casa para Existir, abordou o panorama vivenciado por estudantes da comunidade LGBTQIA+, aliado à discriminação que se vive no que toca ao seu acesso à habitação. Em tom de preocupação, o estudante mencionou o facto de ainda haver “muitos alunos LGBTQIA+ a sofrerem preconceito por parte dos senhorios”.

De acordo com Mariana Rodrigues, em Coimbra, de 2021 para 2023, o preço das rendas aumentou 30 por cento e a oferta pública diminuiu 40 por cento. Portanto, as principais reivindicações do movimento são “mais residências estudantis”, a “limitação do preço das rendas” e a “proibição de venda de casas a não residentes em Portugal”. O objetivo final é que o governo, em conjunto com as autarquias, crie “um plano coordenado estrutural para habitação”, esclareceu.

Damas Morais, membro do Porta Adentro, realçou a intenção do movimento em ser “intergeracional” e “interseccional”.  O jovem salientou: “Aqui não nos dividimos entre jovens e pessoas mais velhas, entre pessoas trabalhadoras e não trabalhadoras”. O participante do grupo ressaltou ainda a dificuldade de pessoas com deficiência terem acesso à habitação.

Em entrevista ao Jornal A CABRA, diversos manifestantes indicaram os motivos para estarem presentes na concentração. Sara Sequeira referiu a dificuldades que um jovem tem de enfrentar ao querer viver sozinho, devido aos altos preços das casas. João Marcelino aproveitou a deixa para acentuar as adversidades que os estudantes têm no acesso ao ensino superior, como a renda alta, a propina e a alimentação.

Por Luísa Rodrigues

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