Desporto

Briosa recebe e deixa escapar líder SC Covilhã

Daniel Oliveira

Apesar de maior domínio da bola dos “Estudantes”, o adversário triunfou com controlo defensivo e eficácia nos contra-ataques. Formação de negro continua sem ganhar em casa para a Liga 3. Por Daniel Oliveira

Numa partida em que se disputou a liderança da Liga 3, a Associação Académica de Coimbra / Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF), saiu derrotada esta sexta-feira contra o Sporting Clube da Covilhã por 0-2. Os dois golos do encontro, no Estádio Cidade De Coimbra, foram marcados por João Vasco e Pedro Casagrande, ambos da formação visitante.

A Briosa jogou a oitava jornada da competição em plena semana de Festa das Latas e Imposição de Insígnias. Tendo em conta a ocasião, a AAC/OAF e a Direção-Geral da AAC (DG/AAC) reuniram esforços para trazer ao estádio tanto estudantes de capa e batina como caloiros, que tiveram direito a entrada gratuita. Esta mobilização contribuiu para a presença de 6788 espectadores, o recorde de assistências da Liga 3.

Em relação à iniciativa, o presidente da DG/AAC, João Caseiro, refere que o ‘feedback’ foi “positivo, tanto de pessoas da cidade como estudantes”, e, hora e meia antes do jogo, achou que a adesão seria positiva. O dirigente considera que cabe não só à AAC/OAF, como à própria DG/AAC trazer ao estádio “a razão de ser da Associação Académica”, que são os estudantes. Além disso, referiu a relação “umbilical” entre o Organismo Autónomo de Futebol e a casa-mãe: “desde que existe a Académica, existe futebol”.

Também marcou presença no estádio o dux veteranorum da Universidade de Coimbra, Matias Correia, que mencionou a Briosa como “uma das raízes de toda a tradição académica”. Acrescentou que mobilizar os caloiros para estes eventos é uma forma de os introduzir “não só ao futebol, assim como à componente desportiva da AAC”.

Chegada a hora de começo, já com o sol a pôr-se, foi dado o pontapé de saída para mais um jogo no Calhabé. A equipa da casa assumiu a posse de bola desde início, mas o SC Covilhã conseguiu controlar o jogo do ponto de vista defensivo e criou dificuldades ao adversário para chegar ao último terço e finalizar.

No primeiro tempo, as oportunidades criadas pelos dois conjuntos foram poucas. Do lado da Académica, a melhor foi de João Victor, que, aos 31 minutos, apareceu nas costas da defesa serrana e rematou para a defesa de João Gonçalo. Já os visitantes criaram ocasiões sobretudo em contra-ataque, com a melhor a surgir dos pés de João Traquina. O extremo ex-Académica rematou do lado esquerdo, mas o guarda-redes Carlos Alves segurou a bola.

O tempo de intervalo foi passado com a atuação da Estudantina Universitária de Coimbra. Rodeados de estudantes e futricas, o grupo, um dos mais célebres da Secção de Fado da AAC, tocou dois temas: Rapariga (Assim Mesmo É que É) e Traçadinho. Além da música, houve duas alterações efetuadas durante a interrupção. Do lado da Briosa, saiu Toki para a entrada de Vitor Gabriel, e, no SC Covilhã, entrou Mário Borges para o lugar de Rodrigo Ferreira.

Iniciada a segunda parte, foi notória a entrada forte do conjunto visitante. Passados apenas dois minutos do primeiro apito, os serranos ameaçaram a baliza adversária com o cabeceamento de Pedro Casagrande, após cruzamento de Traquina. No entanto, não demorou até que a Académica voltasse a ter mais bola, à semelhança da primeira metade do jogo. Apesar da maior posse, a formação de negro só criou a primeira ocasião de destaque aos 63 minutos, com o remate de Vasco Gomes em zona central.

Passado um minuto, o SC Covilhã fez a sua segunda substituição, com Zé Tiago a ceder o seu lugar a João Vasco. O avançado mexeu com o jogo pouco após ser lançado, ao marcar o golo inaugural com 70 minutos no cronómetro. O nº 19 da equipa verde e branca cabeceou, sem hipóteses para Carlos Alves, após o cruzamento de trivela de Michel. Assim, apesar do maior volume ofensivo da equipa da casa, os serranos foram mais eficazes.

Isto voltou a verificar-se cinco minutos depois, com o segundo golo visitante. Diogo Amaro travou João Vasco em falta na grande área da Briosa. Assinalada então uma grande penalidade, Pedro Casagrande fez o segundo tento da partida. Já a entrar nos últimos dez minutos, Tiago Moutinho fez as duas últimas alterações da Académica, retirando os dois laterais (Francisco Ferreira e Stitch) e colocando em campo Lucas Henrique e Aílson Tavares. 

O objetivo do técnico dos “Estudantes” era dar mais espaço aos extremos para cruzarem e colocar mais unidades no meio campo para receberem essas bolas. Contudo, os homens da casa não conseguiram criar muitas ocasiões para marcar, mesmo com os 13 minutos de compensação dados pela equipa de arbitragem. Este tempo extra deveu-se em grande parte às paragens para assistir Michel e João Gonçalo, da formação visitante.

Em conferência de imprensa, o treinador do SC Covilhã, Alex Costa, começou por referir que esperava um duelo contra uma equipa “forte, com uma ideia de jogo bem definida”. Notou que o estilo de jogo da Académica “assenta muito na sua posse” e na “paciência com bola”, pelo que preparou o jogo “de forma a criar dificuldades e tapar os espaços que a Académica quer explorar”.

O técnico da formação serrana admitiu que, nos primeiros 25 minutos, não conseguiu colocar a sua estratégia a funcionar. No entanto, apontou que, ao mudar para uma linha de cinco a defender, conseguiu conter o jogo ofensivo do adversário, obrigando-o “a jogar para o lado e para trás. 

Além da parte defensiva, em que Alex Costa considera que a sua equipa “evoluiu muito”, o treinador acha que faltaram as transições rápidas, isto durante a primeira parte. Quanto ao segundo tempo, observou que os serranos conseguiram aproveitar os desequilíbrios defensivos da Académica, que “coloca muita gente no processo ofensivo”, e que foi assim que chegaram aos dois golos.

Já o treinador da AAC/OAF, Tiago Moutinho, achou “evidente” o domínio da formação da casa. No entanto, frisou que o adversário se sentiu “confortável a defender em bloco baixo, com uma linha de cinco”, tinha “dois bons jogadores em transição ofensiva” e, com alguns jogadores a pedir assistência, foi quebrando o ritmo de jogo.

Em relação ao segundo tempo, o técnico da Briosa afirmou que os seus jogadores continuaram “fortes, a ter bola e paciência”, mas que, devido a alguns erros, sofreram dois golos em cinco minutos. Acredita que, antes de ficar em desvantagem, “já era complicado, porque o adversário já se sentia confortável a defender”, e que, com o 2-0 “mais confortável se sentiu”.

Com este resultado negativo, a Académica continua sem ganhar em casa para a Liga 3. Além disso, fica mais distante do SC Covilhã, que assegura o primeiro lugar com 17 pontos. O Sporting B e o Atlético CP, com 12 pontos, e o Alverca, com 11, ainda vão jogar este fim de semana, pelo que os “Estudantes” podem acabar fora do top 4 ao fim da oitava jornada.

Apesar deste revés na competição, a formação de negro atenta-se agora para a terceira eliminatória da Taça de Portugal. O conjunto de Tiago Moutinho vai enfrentar o Amarante FC fora no próximo dia 22, às 15 horas. Só depois desse encontro é que a Académica volta a jogar para a Liga 3, com o fecho da primeira volta frente ao Atlético CP. O jogo vai decorrer no dia 29 deste mês, às 15 horas, no Estádio da Tapadinha.

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