Pedro Martins nega críticas à presidência e mantém-se no cargo. Eurico Figueiredo renuncia ao órgão e é substituído por Daniel Tadeu. Por Alexandra Guimarães
Na passada sexta-feira, o presidente da Comissão Disciplinar da Associação Académica de Coimbra (CD/AAC), Pedro Martins, deu a conhecer a sua resposta ao pedido de renúncia que lhe foi apresentado. O comunicado publicado pelo dirigente nas suas redes sociais surge na sequência da carta aberta partilhada a 17 de julho por Eurico Figueiredo, 3º vogal do órgão, na qual são apontadas falhas na presidência.
Em relação à tomada de posição do colega, Pedro Martins mostra-se surpreendido e julga tratar-se de “um extravasar de divergências internas e de conflitos pessoais para a praça pública”. Não se revê nas críticas que lhe são feitas, por serem “descontextualizadas” ou “não correspondentes à verdade”, acrescenta.
Eurico Figueiredo acusava-o de ter apresentado, no primeiro plenário, uma revisão do regimento interno diferente daquela que tinha sido debatida em reuniões informais. Já Pedro Martins assegura que, nessas reuniões prévias, “nenhuma das decisões tomadas era vinculativa”. Após terem chegado a um documento com o qual não estava de acordo, o dirigente apresentou a sua própria revisão, com “aquilo que considerava ser o melhor para a CD/AAC”, refere. Segundo Pedro Martins, Eurico Figueiredo trouxe também a sua proposta e ambas foram votadas ponto por ponto e, em alguns casos, alvo de fusão.
O presidente da CD/AAC, que é também trabalhador-estudante, garante que “todas as competências inerentes ao órgão e ao cargo estão a ser desempenhadas”, apesar do intensificar da sua atividade laboral. Afirma que só ponderaria a demissão e tomaria uma decisão “no dia em que achasse que não teria as condições, a disponibilidade ou as competências técnicas exigidas”. Neste momento, a reflexão que faz “não se coaduna com apresentar a demissão”, salienta o entrevistado.
Pedro Martins assume que “gostaria de estar a fazer muito mais” e admite apenas “falta de disponibilidade para cumprir desígnios pessoais” a que se propôs, mas que não lhe são exigidos pelos estatutos. Entre eles está a elaboração de um regulamento disciplinar em conjunto com outros órgãos da casa, que diria respeito ao poder disciplinar como um todo na AAC, de modo a abranger situações não previstas nos estatutos.
No que toca ao avançar do processo pelo qual é responsável, o presidente da CD/AAC assegura que restam ainda 45 dias úteis, dos 90 que, segundo o regimento interno, um processo dispõe para a sua instrução. Acrescenta que, após a interrupção dos prazos no mês de agosto, terá “a maior disponibilidade” para o concluir em setembro. Porém, para Eurico Figueiredo, o comunicado partilhado por Pedro Martins “não aborda vários tópicos graves apontados”. O vogal não concorda com “o mundo criado pela carta” e abstém-se de mais comentários acerca de assuntos internos da CD/AAC.
Pedro Martins considera ter sido alvo de tentativas de coação por parte de Eurico Figueiredo desde o primeiro plenário e confessa ter alertado o colega de que o pedido de renúncia “não surtiria efeito”. Frisa que vai cumprir até ao fim o mandato e que tem, neste momento, “toda a disponibilidade exigida para o cargo”.
Perante este posicionamento por parte do presidente, Eurico Figueiredo apresentou na passada quinta-feira a sua carta de demissão, como tinha assegurado. O vogal afirma sair “de consciência tranquila” e lamenta o “silêncio ensurdecedor” de Pedro Martins no período que se seguiu à publicação da carta aberta. “Continuo sem acreditar que essa pessoa tem as condições para ser presidente da CD/AAC”, revela o membro que agora se demitiu.
Pedro Martins é da opinião que a demissão do colega “vai diminuir os conflitos dentro do órgão e tornar mais fácil o foco no trabalho”. Apesar de achar que este assunto não teve um impacto significativo, o dirigente sublinha que “está a retirar tempo e recursos que poderiam ser dedicados aos assuntos da CD/AAC”.
Quanto ao resto do mandato, o presidente espera “um excelente trabalho” e tenciona cumprir o objetivo pessoal de apresentar um relatório final. Pretende “revalorizar a imagem do órgão” que, a seu ver, “pode ter sido fragilizada por este episódio”. Ainda assim, sente-se satisfeito com o trabalho, inclusive com a revisão do regimento interno, que diz estar “muito melhor”. Após a saída de um membro, o cargo de 3º vogal da CD/AAC vai ser assumido por Daniel Tadeu, suplente de Eurico Figueiredo.
