Ensino Superior

Serenata limitada dá palco a indignação por parte dos estudantes

Mariana Neves

Distribuição de pulseiras para Serenata marcada por revolta e desorganização. “Parecia que se estava nos Jogos da Fome, todos pegados com o braço levantado a tentar tirar as pulseiras”, revela estudante. Por Lucília Anjos e Mariana Neves

O Jornal Universitário de Coimbra – A CABRA esteve hoje no largo D. Dinis a saber a opinião dos estudantes sobre a aquisição de pulseiras para poderem assistir à Serenata e à limitação do número de pessoas para o evento. A maioria dos jovens mostrou-se revoltada com a situação e o ponto comum focou-se no aviso tardio da informação e na falta de organização na distribuição das pulseiras.

O Coordenador Geral da Queima das Fitas, Carlos Missel, explica que, este ano, a Serenata, ao ter passado para o Paço das Escolas, fez com que desse para “aumentar a lotação”, mas como este espaço “tem menos saídas de emergência, as autoridades obrigaram a ter controlo de acessos”. Isto levou a que fosse necessário “saber o número específico de pessoas”, logo os estudantes tiveram de adquirir pulseira para assistirem à serenata, mas com seis mil lugares disponíveis.

Carlos Missel menciona que a decisão para o evento ser feito no Paço das Escolas tem que ver com o facto de a “Sé nova estar ligada à Festa das Latas e a Sé Velha associada à Queima das Fitas”. No entanto, acrescenta que “ao não haver condições de segurança na Sé Velha por causa das obras”, teve que se optar por “um lugar que garantisse ainda mais pessoas”. O aviso foi feito apenas ontem à noite devido a “problemas de logística e acertos de pormenores com as entidades responsáveis pela transmissão da Serenata”.

Ana Isabel Silva, estudante de Direito, acredita que “as coisas poderiam ter sido feitas com calma e as informações transmitidas com antecedência para garantir o respeito pela tradição e pelos estudantes”. A universitária revelou ainda que a Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF) começou a distribuir pulseiras a quem estava fora da fila, o que levou a um desrespeito pelos estudantes que estavam na mesma há mais de três horas.

Mariana Fonseca, estudante do segundo ano da licenciatura em Animação Socioeducativa sente que a COQF fez o aviso em cima da hora, porque “sabia que ia ser criticada”. A jovem referiu que “a Serenata é um marco que inicia a festa académica e não faz sentido estar limitada”.

Alguns estudantes indignados chegaram até a pedir a demissão do coordenador-geral da QF e frases como “isto é uma Serenata e não um festival, não é suposto arranjar bilhetes” fizeram-se ouvir. Beatriz Querido, finalista de Medicina, mencionou que “muita gente veio cedo e levou com filas mal organizadas e pessoas a levar 20 pulseiras”.

Inês Faustino, também finalista de Medicina, confessou que “a Serenata está a tornar-se um evento comercial”. A estudante revelou que à sua frente estava um grupo de turistas com pulseiras, além de que “este ano não foi aberto um formulário, nem dada oportunidade a finalistas de poderem ouvir a Serenata de costas, como é tradição”.

“Ninguém percebe porque não foi feito na Sé Nova como em outros anos”, referiu outro finalista de Medicina. O jovem acredita que “se as coisas tivessem sido explicadas aos estudantes com antecipação, não teria havido tanta revolta”.

Há quem tivesse opiniões mais positivas como Rita, finalista de Medicina, que apelou à calma dos estudantes e acrescentou que “seis mil são muitos lugares”. Também Rúben Silva, estudante do segundo ano da licenciatura em História, referiu que “a limitação a seis mil pessoas por questões de segurança faz sentido”, porém critica a organização da distribuição das pulseiras: “vi pessoas desde as nove horas da manhã à espera por uma pulseira e outras que mal chegaram passaram à frente”, revelou.

Os estudantes realçaram que a regra de uma pulseira por pessoa não foi respeitada. Uma estudante do segundo ano da licenciatura em História da Arte, que não se quis identificar, sente que “podiam ter posto mais pessoas a reforçar a distribuição”. Sofia Ornelas, estudante do terceiro ano da licenciatura em Estudos Artísticos referiu que “parecia que se estava nos Jogos da Fome, todos pegados com o braço levantado a tentar tirar as pulseiras”. 

De destacar que a distribuição das pulseiras começou às 14 horas, marcada por uma enchente de estudantes e a partir das 15 horas a fila já estava mais tranquila, com muitas pulseiras ainda por distribuir. Pelas 16h30 a COQF informou que as pulseiras tinham esgotado.

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