Rally de Portugal implica constrangimentos nas faculdades. Rafael Assunção acredita que comunidade académica deveria ser tida “em mais consideração”. Por Miguel Santos
O Rally de Portugal encontra-se de passagem por Coimbra nos dias 11 e 12 de maio, incluindo parte do polo I no seu itinerário. A sua realização implicou o encerramento ou adiamento de atividades académicas presenciais, por exemplo, as eleições para o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra da Associação Académica de Coimbra (NEFLUC/AAC). Por sua vez, as aulas assumiram um regime online. A presidente da direção do NEFLUC/AAC, Madalena Santos, afirma que “o polo I é uma zona emblemática para dinamizar estes eventos para a reitoria e para a cidade”. Porém, acrescenta que, “em primeiro lugar, estão os estudantes e as suas atividades”.
“Este rally está a condicionar a 100 por cento, tanto as aulas, como outras atividades”, declara Madalena Santos. A cerimónia de encerramento do ano letivo da FLUC, que estava marcada para esta quinta-feira, dia 11 de maio, às 10 horas, no Anfiteatro III, foi cancelada, sem adiamento. Além disso, as eleições para o NEFLUC/AAC foram adiadas para o dia 16 de maio.
Quanto às eleições, a presidente demonstrava-se expectante, dado “o movimento que se tem visto na faculdade” e “tem pena” que estas tenham sido adiadas. Em relação às aulas online, aponta que “vão afetar muito o ensino, pois sabe-se que não são o mesmo que a via presencial, como a pandemia já provou”. Referiu ainda que “o núcleo de estudantes não pode reverter a decisão da reitoria, mas já manifestou o seu desagrado em relação a esta decisão”.
Já o presidente da direção do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra (NED/AAC), Rafael Assunção, releva que “este tipo de eventos no polo I implicam uma alteração logística muito grande para aquilo que é a expectativa da comunidade académica”. O mesmo lamenta que “as eleições, assim como as próprias aulas, já saem, diariamente, prejudicadas pela massa de turismo, e pioram ainda mais com a realização de eventos como, por exemplo, este Rally”. Acrescenta ainda que, “para além do mais, é complicado para os estudantes ter as aulas devido a ruído e movimentações”.
O dirigente menciona que “tem havido um aumento da adesão às urnas nos últimos anos, e é uma pena que isso seja travado”. Admite ainda que “esta é uma situação complicada para as listas eleitorais”. Já no que toca às aulas online, acha ser “já um dado adquirido que o regime online de ensino não cria boas condições de aprendizagem”.
Rafael Assunção revela que “existe uma grande desigualdade no que diz respeito à digitalização dentro da comunidade académica”, uma vez que “nem todos os estudantes têm os meios digitais nem condições de internet para estarem a assistir a essas aulas”. A par disto, relembra que “são dois dias de matéria e de trabalho e alguns dos estudantes acabam por se desligar do trabalho”. Complementa que pode surgir a questão de que “são só dois dias”, mas “é sempre complicado”.
O presidente destaca que “uma das consequências deste Rally é a perturbação das viagens de volta à terra natal que os estudantes costumam fazer às quintas e sextas-feiras”. Embora também entenda que “existe um prestígio útil no polo I para publicitar Coimbra e enriquecer o evento”, declara que a própria cidade, ao agendar este tipo de eventos, deveria ter a comunidade académica “em mais consideração”, porque, “afinal, esta é a cidade dos estudantes”.
