“Tirou-se uma tradição à FAN-Farra Académica de Coimbra”, comenta Eurico Figueiredo. Novo modelo prevê rotatividade de Tunas ao longo de quatro anos. Por Ana Cardoso
O Chá Dançante faz parte da tradição da Queima das Fitas (QF). Não se sabe ao certo a origem, o que se sabe é que a FAN-Farra Académica de Coimbra está presente desde que há memória. Este ano, o Conselho Diretivo da QF aprovou a rotatividade dos grupos académicos. Isto levou a que a FAN-Farra emitisse um comunicado contra o novo modelo a explicar o motivo da sua não participação.
Eurico Figueiredo, fanfarrão, ao remeter para o ‘site’ da Universidade de Coimbra, aponta o caráter “misterioso” em que se envolve a origem do Chá Dançante. No entanto, relembra que “enquanto a FAN-Farra existiu, sempre esteve presente e sempre lutou pelo Chá Dançante”. Segundo o estudante, a Academia alimenta o espírito de “contestação” e “reivindicação”, e a QF é o “pináculo” deste espírito. Essas tradições “têm vindo a morrer”, e a FAN-Farra “sempre batalhou por elas”. Entre as mesmas está o Chá Dançante, que é “para os finalistas, e era para eles que a FAN-Farra atuava”. Recorda que, das vezes que não participaram, foi em protesto devido à falta de condições.
Este ano, várias Tunas apresentaram um abaixo-assinado que previa a rotatividade dos grupos ao longo dos anos, com o qual a FAN-Farra discordou. Seguiu-se uma reunião do Conselho de Grupos Académicos, de onde saíram várias propostas. No entanto, de acordo com Eurico Figueiredo, não houve consenso. Desta maneira, a decisão passou para o Conselho Diretivo da QF, que, como explica o fanfarrão, pegou numa proposta surgida na reunião com os representantes dos grupos académicos e enviou-a para os e-mails como definitiva. Contudo, esta proposta não tinha sido apoiada pelos grupos.
Além da falta de apoio à proposta, o estudante lamenta a maneira como a situação foi tratada. Eurico Figueiredo explica que os grupos não foram consultados por este conselho diretivo, apenas foram informados dos moldes sob os quais se iam realizar o evento. “O e-mail diz de forma unilateral «a decisão foi esta: não vai haver rotatividade dos três, a Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC) vai atuar»”.
O novo modelo do Chá Dançante prevê que a noite se inicie com três atuações de grupos académicos, como habitual. A diferença é que um dos lugares, permanente, é destinado à SF/AAC e, os outros dois, aos restantes grupos académicos. Isto obriga a que haja rotatividade entre eles, com os lugares sorteados em ciclos de quatro anos.
Eurico Figueiredo, apesar de saber que a questão de mais grupos académicos participarem no Chá Dançante vai levar a uma discussão complexa, informa que a tuna a que pertence está disposta a ter esse debate e a “arranjar soluções”. Até lá, a FAN-Farra vai continuar sem fazer parte dessa rotatividade, uma vez que não concorda com o modelo do evento. O fanfarrão acredita ainda que, apesar de não terem concordado, os outros grupos que querem participar fizeram-no na perspetiva de: “se é para estar na rotatividade, então vamos estar na rotatividade”. Conclui que o assunto ainda não morreu e que os fanfarrões vão lutar pelo que acreditam porque, afinal, “tirou-se uma tradição à FAN-Farra Académica de Coimbra”.
