Jornal A CABRA questiona cidadãos sobre constrangimentos provocados pelos concertos dos Coldplay. Entrevistado declara que “Coimbra ainda não está preparada para receber estes eventos”. Por Miguel Santos e Carolina Silva
Todos os caminhos, de norte a sul, inclusive Espanha e França, vêm dar a Coimbra, onde os Coldplay realizam o primeiro dos quatro concertos a decorrer durante a semana. Mas quais serão os constrangimentos da vinda da banda ao Estádio Cidade de Coimbra? Entre correrias, sorrisos e cores de arco-íris, os fãs invadem a cidade ao som das músicas mais marcantes do grupo liderado por Chris Martin. A histeria geral sentida face ao anúncio feito em agosto ecoa hoje entre as 50 000 pessoas previstas nas filas à porta do estádio, onde já se sente a energia da banda britânica.
Neste dia tão aguardado, o Jornal Universitário de Coimbra – A Cabra saiu à rua para saber a opinião de algumas pessoas acerca dos impactos que este evento proporcionou. A grande parte dos entrevistados, que não se quiseram identificar, refere que sente “um ambiente jovem e muita gente nas ruas”. Quando confrontados com a realidade, dois turistas espanhóis afirmam que a cidade ainda “não está preparada para receber estes eventos”, uma vez que, apanhados desprevenidos, contam que existe “falta de informação sobre os hotéis e transportes”.
Também um condutor da empresa Uber partilha da mesma opinião: “Coimbra não está preparada para receber este evento, e as obras na rua não facilitam”, revela. De igual forma, revela que na cidade estão presentes vários turistas de diferentes nacionalidades, no entanto, apesar da quantidade de trabalho, “é difícil certos acessos, uma vez que muitas das ruas estão fechadas”.
Duas pessoas consideram que “a vinda dos Coldplay é muito boa para a economia da cidade, porque movimenta muito comércio”. Acrescentam ainda que “é importante fortalecer a economia, até porque se está na saída de uma pandemia, na qual houve perdas financeiras em muitos setores”. Porém, “é preciso considerar os dois lados”: Coimbra “é uma cidade pequena para receber eventos deste porte”, dado que “tudo sofre, desde o trânsito, à poluição, e ao consumo de água”. Os dois fãs da banda afirmaram que “se não existisse Internet estariam perdidos”. Aquilo que vêem e ouvem nas ruas ajuda mais do que a Internet, “há muitas pessoas que não conseguem aceder ou utilizar a rede”.
Um dos exemplos dados pelos entrevistados é: “para ir comprar a fita que permite circular nos autocarros foi preciso guiarmo-nos em exclusivo pela Internet por não existir qualquer sinalização”. Um dos intervenientes apontou que “devia haver uma venda móvel, ou seja, alguém que vendesse na rua as fitas para circular nos SMTUC”. Contudo, declararam que “até ao momento, os transportes públicos estavam a funcionar bem”.
Um polícia destacou também que, “apesar dos constrangimentos, há mais impactos positivos que negativos”. A par disso, referiu que o “trânsito elevado torna difícil controlar certas situações”. Apesar do “ideal ser existirem mais profissionais”, pensa que o sucesso dos trabalhos durante este período passa por “manter o trabalho que já se fazia”.
Um trabalhador da loja Sportino, na baixa de Coimbra, frisou que, “desde segunda-feira, tem havido mais afluência a nível de turistas”, mas que “o primeiro dia de concertos está a ser o pico em termos de movimento”. Lembrou que “Coimbra já teve capacidade para receber os U2 e a Madonna”, o que o faz sentir-se confiante de que a cidade “está preparada para este evento”. Acrescentou ainda que, para si, “é um orgulho esta banda vir à sua cidade”.
Outro civil deu destaque à “má organização”, que “só inclui três entradas para o estádio” e levou a “uma hora de espera ao sol”. Mencionou também a escassez de espaços para atividades e descanso antes do concerto, já que “o shopping estava lotado e não existiam mais infraestruturas”. Em conjunto com a falta de indicações, quanto à entrada principal e às entradas existentes, deu especial ênfase à “falta de recursos humanos para orientar os fãs”. Hoje à noite, entre chuva de balões, luzes, confettis e hits, a cidade volta a ser palco da banda liderada por Chris Martin. Os coldplay estarão em Coimbra para mais três concertos a encher as noites de 200 mil fãs cheias de estrelas.
