Noite de festival encheu Jardim da Sereia ao intercalar música com conversa, num momento para toda a cidade. TAISEP deixa festival com prémio de Melhor Tuna. Por Sofia Moreira e Ana Filipa Paz
A noite da XXXI edição do Festival Internacional de Tunas de Coimbra (FESTUNA) lotou o Jardim da Sereia com amantes das tunas. Se o evento este ano foi um “regresso à casa”, como referiu Pedro Andrade, coordenador geral do evento, o início da noite foi a entrada, o decorrer do espetáculo foi a sala de estar, onde foram entrevistadas pessoas importantes para a realização do evento, e o encerramento foi a sala de jantar, na qual novos e antigos Estudantinos se reuniram para a entrega dos prémios às tunas vencedoras.
Entre os grupos a concurso, o primeiro a subir a palco foi a Tuna Universitária de Salamanca, com os seus músicos trajados de fatos cheios de emblemas. Os espanhóis abriram a noite com quatro temas, entre eles “La cinta”, que simboliza as fitas que traziam nas capas, bordadas por pessoas que lhes são especiais. Deixaram o palco com “Passa calle”, num ritmo acelerado.
Seguiu-se, num momento de conversa, uma breve entrevista com João Sousa, presidente da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra (SF/AAC), conduzida por Pedro Andrade. Sentados em duas poltronas vermelhas, falaram sobre a “falta de espaços no edifício sede da AAC para as secções culturais”, em particular para os ensaios dos grupos da SF/AAC”. Face a este problema, João Sousa diz, em tom de brincadeira, que a secção está a pensar fazer uma “Tomada da Bastilha 3, no sentido de alocar o espaço do Jardim da Sereia à SF/AAC”.






Comemoraram ainda os festivais de música realizados este ano pela SF/AAC, como o “Maria da Fonte”, da Estudantina Feminina de Coimbra, o “Pita Sanita Sound”, da Orxerstra Pitagórica, e, agora, o FESTUNA, da Estudantina Universitária de Coimbra (EUC). “É um orgulho ver de perto bom trabalho a ser feito”, comenta o presidente.
O segundo conjunto a subir a palco foi a Tuna Académica do Instituto Superior de Engenharia do Porto (TAISEP), que introduziu a sua parte do espetáculo com uma interpretação do tema cubano “El cuarto de Tula”, do Buena Vista Social Club, numa explosão de sons. Com a plateia já animada, a tuna da “cidade invicta” tocou “Noites de Moscou e Caravan” e “E Depois do adeus”, que sublinha ter sido determinante na Revolução dos Cravos. De seguida a TAISEP dedicou a canção “Feiticeira”, de Luís Represas, a todas as mães do público e finalizou o seu tempo no palco com a original “Porto, vinho e lugar”.
Numa segunda pausa para conversa, foi chamado a palco Tiago Silva, vencedor do The Voice e outro dos artistas a atuar na noite do FESTUNA. Durante o bate-papo, Pedro Andrade mencionou a participação do cantor no programa de televisão com a música “Traçadinho”, símbolo da cultura conimbricense, bem como o seu trabalho como professor de música dos utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, entre os quais os membros da banda “5ª Punkada”, presentes no Sarau Cultural.
A terceira participação musical da noite foi protagonizada pela Tuna Académica de Lisboa. Ao declamar um poema a Coimbra, os tunos lisboetas iniciaram o seu espetáculo com emoção. Tocaram temas tradicionais portugueses, como a interpretação de “Coimbra é uma Lição”, eternizada na voz de Amália Rodrigues, e “Guarda-me esta noite”, de Valter Lobo. Encerraram com “Flor sem tempo”, de Paulo de Carvalho. Depois do intervalo, Tiago Silva, com Carlos Eduardo nas teclas, cantou três temas, terminando com “Bate o fado trigueirinha”, de Antônio Mourão, que deixou todo o público a vibrar.






Renato Daniel, vice-presidente da Direção-Geral da AAC, foi o seguinte a juntar-se a Pedro Andrade, numa conversa sobre as atividades de reivindicação realizadas no mês de abril e a Queima das Fitas. Acerca do festival, o dirigente considera que este “trouxe aquilo que melhor se faz na academia”. “O FESTUNA transpira académica”, comenta. A Tuna de Ciências da Universidade do Minho marcou o retorno aos grupos em concurso com o tema “A minha música”, de José Cid. Seguiram com “Ovo de Colombo”, uma original dedicada a “todas as meninas de Coimbra”, e trouxeram um gosto brasileiro ao FESTUNA com uma interpretação do clássico “Anunciação”, de Alceu Valença.
Após uma breve apresentação do júri do concurso, foi a vez da EUC, responsável pela organização do festival, presentear o público com a sua participação. Entre momentos com os antigos estudantinos e acrobacias com a bandeira do grupo, apelidada de forma carinhosa como “Cornos”, o espetáculo dos anfitriões foi marcado por um público vibrante e em sintonia harmoniosa entre os artistas. Os tunos conimbricenses apresentaram seis temas, um dos quais um original em estreia: “Tempos de mocidade”. Além deste, tocaram os tradicionais “Capa Negra, Rosa Negra” e “Serenata ao Mondego”, entre outros.
Por fim, a encerrar o festival, decorreu a entrega de prémios, pratos cujos nomes foram atribuídos “em homenagem a antigos Estudantinos que já não se encontram entre nós”: explicou Pedro Andrade. A diretora da divisão de juventude da Câmara Municipal de Coimbra, Maria Antónia Silva, entregou o grande prémio de Melhor Tuna à TAISEP, que deixou o festival cheia de pratos debaixo dos braços. Como já é tradição, a noite fechou com o “Traçadinho”, que encaminhou o público para os Jardins da AAC, onde a festa seguiu até de manhã.








