“Coragem hoje, Abraços amanhã” expõe realidade de mulheres que sofreram durante Estado Novo. Autora do projeto refere importância de “lembrar e perpetuar a memória”. Por Lucília Anjos
No dia 27 de abril, último dia da terceira edição de “Abril no Feminino” em Coimbra, a peça “Coragem hoje, Abraços amanhã”, com Joana Brandão, decorreu no Convento São Francisco, às 19 horas. O teatro expõe o lado pessoal de vivências desumanas experienciadas por mulheres que enfrentaram a maior das torturas: serem privadas da sua liberdade.
O programa do “Abril no Feminino”, que começou dia 5 de abril e acabou dia 27, dinamizou diferentes atividades no âmbito da discussão do papel da mulher na luta de abril. As apresentações distribuíram-se por vários equipamentos da cidade. O desejo de todos os intervenientes desta edição é que o público tenha “respondido da forma mais expressiva”.
Margarida Mendes Silva, autora do projeto “Abril no Feminino”, refere que esta peça “parte de testemunhos reais, cartas e depoimentos de mulheres que estiveram presas e foram torturadas pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado durante o período do Estado Novo”. A coordenadora acrescenta que o texto “reproduz na íntegra os testemunhos”, logo nada é “ficcionado nem inventado”.
A também dirigente da Associação Cultura e Risco, através da qual produziu o programa cultural, Margarida Mendes Silva menciona que o objetivo da encenação é “recordar as histórias das pessoas que passaram por esta situação dramática”. A liberdade que nos é agora inerente foi alcançada depois de um “passado escuro que importa não esquecer”.
Mais importante que “não esquecer”, é “lembrar e perpetuar esta memória”, sente Margarida Mendes Silva. “As gerações de hoje e de amanhã devem perceber que houve um país que esteve sob o jogo de uma ditadura muito prolongada no tempo”, realça.
