Ensino Superior

Movimento estudantil ocupa antigo edifício da UC

Simão Moura

Organização pretende discutir política “das bases para as bases”. Local foi escolhido por causa do simbolismo do seu abandono. Por Simão Moura

No decorrer das celebrações do 25 de abril, o Grupo de Okupação Social de COimbra (GOSCO) dirigiu-se ao edifício dos Serviços Médicos Universitários, à beira das Cantinas Azuis. Segundo Dani, membro da organização da ocupação do edifício, o objetivo da iniciativa foi “lembrar uma memória de luta para o 25 de abril, que não é apenas uma celebração”

Nesse sentido, segundo Orfeu, também membro da organização, este evento assume-se como “um bloco sobre tudo, alternativo a partidos e às organizações que costumam estar no 25 de abril”. Desta forma, o GOSCO pretende criar “um espaço de assembleia popular” e “cultivar a discussão e criar espaços políticos fora dos já conhecidos”. O membro do grupo sublinha que “qualquer espaço pode ser um espaço político”, e pretende que a iniciativa permita discutir a política “das bases para bases”, para recuperar a “união, popular e autogerida, que parece ter morrido com o tempo”. Para além da ocupação, foi também organizado um jantar gratuito no local.

O evento traz para cima da mesa problemas como a ação social, o consumo de combustíveis fósseis e os problemas de alojamento estudantil. Dani refere que estas reivindicações foram agrupadas numa só ação porque “sozinhas, não têm a mesma capacidade”. Segundo o mesmo, a escolha do local deveu-se ao simbolismo do seu abandono, visto que “devia ter uso social e está abandonado em momentos de crise de habitação e ação social”. “Parece errado que nem a Universidade nem o município estejam a ter uma resposta mais clara e incisiva”, adiciona o estudante.

Dani denota também que a adesão “tem correspondido às expectativas”, mas comenta que “houve pessoas que se sentiram desconfortáveis e optaram por não entrar”, devido aos agentes da PSP do Departamento Distrital de Coimbra, que se dirigiram ao local. O membro da organização conta que as autoridades “falaram de um crime que não se aplica, e acabaram por decidir que não iam fazer nada”. “No final, só pediram as identificações”, afirma o estudante, que  menciona que “a polícia disse que não tinha recebido queixa”. Por sua vez, Orfeu destaca o apoio dos presentes, que se reuniram para cantar “Grândola Vila Morena”, em protesto à presença dos agentes de segurança pública, e relembra que, “às vezes, as ações mais transformadoras vêm de minorias”.

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