Ciência & Tecnologia

Estudo revela diferentes estratégias de interação social entre crianças e adultos

Cedida

Especialista em comportamento humano afirma que estudo pode ser útil na compreensão de neuro-divergências. Junção de técnica de Jon Walbrin e Jorge Almeida culmina em estudo de interesse. Por Sam Martins

O neurocientista cognitivo Jon Walbrin, investigador da Proaction Lab na Universidade de Coimbra (UC), iniciou como tese de doutoramento na Universidade de Bangor, no País de Gales, uma análise de comportamento social em crianças e adultos que tinha como objetivo aprofundar o funcionamento do cérebro na compreensão da interação social nas diferentes fases da vida. Foi, no entanto, com o diretor do Proaction Lab em Coimbra, Jorge Almeida, que surgiu um estudo sobre as diferentes estratégias de interação social das crianças e dos adultos.  

Este projeto com cerca de cinco anos, teve a colaboração entre cientistas da UC e da Universidade de Bangor, e contou com a ajuda de Kami Koldewyn, investigadora e tutora de Jon Walbrin durante o doutoramento. O processo de recolha de dados consistiu numa análise cerebral através de ressonâncias magnéticas a crianças entre os seis e os 12 anos de idade, e adultos maiores de 18 anos.

Durante o procedimento eram apresentados pequenos vídeos de pessoas a interagir, e os adultos tiveram uma “perceção imediata, através de movimentos corporais e tom de voz”, afirma Jon Walbrin. Já no caso das crianças, este processo não é tão imediato, pois estas “baseiam-se em partes do cérebro associadas ao pensamento e julgamento”, e apenas assumem, não tendo uma compreensão do que observam.

O critério de escolha das crianças foi muito simples. A cidade de Bangor, onde foi iniciado o estudo, “não tinha muitas pessoas”, confessa o investigador da Proaction Lab, e, portanto, “foi pedido a amigos e colegas que perguntassem aos filhos se iam estar interessados em participar”. Jon Walbrin refere que “manter as crianças quietas no scanner” foi um dos obstáculos, assim como “voltar a analisar tudo de novo, cada vez que outros dados eram obtidos”.

O neurocientista não deixa de reiterar a importância dos dados recolhidos, ao afirmar que “é necessário perceber-se a ciência, pois esta é interessante e utilitária”. Acrescenta que estes dados podem ser úteis numa melhor compreensão das neuro-divergências no futuro, devido a existirem “vários transtornos de processamento social de informação, como no autismo”. Por fim, confessa que este estudo, mesmo com obstáculos, foi recompensador e “simples de ser terminado, pois os dados estavam ali, só tinham de ser lidos”.

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