Ensino Superior

“Éfe-Érre-Á”: o grito retorna a casa em formato de exposição

Sam Martins

Divisão de sala com jogo de espelhos gera reflexão sobre passado e presente estudantis. Exposição sobre a ligação entre UC e Coimbra surge como integrante do Circuito Científico. Por Sam Martins

A Exposição “Éfe-Érre-Á – Momentos da Vida Académica” foi inaugurada no dia 4 de abril, Dia do Antigo Estudante de Coimbra, pela Universidade de Coimbra (UC). Esta exposição, enquadrada em quatro salas do Colégio de Jesus, tem custo zero a todos os estudantes da UC, e para os restantes visitantes conta com preços entre os oito e os 17,5 euros (para todo o Circuito Científico do Museu da Ciência) e pode ser visitado todos os dias, das nove horas às dezassete, com uma pausa entre as treze e as catorze horas.

O Colégio ganha vida numa junção de vivências marcantes dos estudantes conimbricenses, tais como: a ligação entre a Cidade e a Universidade; a sala de aula e, de seguida, a parte desportiva. Do outro lado do espelho, pode observar-se a vida de uma República, assim como a Queima das Fitas (QF). Na sala seguinte, está exposto o carro vencedor do cortejo da última edição da QF e um vídeo do evento, exposto em fitas brancas penduradas no teto. Por último, quase como uma balada de despedida, o visitante depara-se com música (fado e música de intervenção), a sair de colunas colocadas acima de vitrines, nas quais estão amostras de estilos musicais, ligados ao ambiente universitário.

A exposição resulta de um dos projetos vencedores da terceira edição do Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). O seu objetivo é contribuir para a “construção da identidade coletiva daqueles que em Coimbra viveram momentos inesquecíveis e mostrar àqueles que por aqui não passaram o que esta Universidade e a cidade têm de único”, afirma o Diretor do Museu da Ciência da UC, Paulo Trincão, em nota de imprensa.

O mesmo pode ser observado ao entrar-se no rés do chão do edifício do Colégio de Jesus, onde se pode ler na porta: “o visitante é desafiado a reviver as suas memórias ou, se não as tiver, a entender melhor quem as tem”. Também em comunicado, o Reitor da UC, Amílcar Falcão, acrescenta que este se trata de “um espaço singular, com características inéditas a nível mundial, que vem enriquecer e diversificar a oferta turística da Universidade de Coimbra”.

No que toca ao título da exposição “Éfe-Érre-Á”, este é associado a Divaldo Gaspar de Freitas. Lê-se no ‘site’ Guitarra de Coimbra (Parte I) que oquintanista de Medicina em 1937 aprendeu o grito com uma delegação de estudantes brasileiros que se havia acomodado na Républica dos Kágados e “ensaiou os quintanistas de Medicina e lá se gritou de forma furiosa o FRA (Frente Republicana Académica) no Jardim Botânico da UC”. Grito antigo brasileiro contra o regime de Getúlio Vargas, em Portugal gritava-se contra o Estado Novo. No dia seguinte, “todos os cursos presentes na Queima das Fitas berravam o FRA com toda a força” e acabou por espalhar-se por todo o país até aos dias de hoje.

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