AAC organiza debate, encontro na Sala 17 de Abril e “Operação Balão” para assinalar data. Estas iniciativas vão permitir “recriar o passado simbólico da academia”, refere vice-presidente da DG/AAC. Por Mariana Neves
As celebrações do 17 de abril vão ter início na próxima segunda-feira, às 14h30, no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, na Sala 17 de Abril. Foi neste sítio que, há 54 anos, na cerimónia de inauguração do departamento, o então atual presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC), Alberto Martins, pediu a palavra, que não lhe foi concedida. Assim, deu-se início à Crise Académica de ’69. Este momento de coragem ficou marcado na história da academia como exemplo de reivindicação estudantil, que se faz sentir ainda hoje.
Renato Daniel, vice-presidente da DG/AAC com a pasta da cultura, refere que, este ano, as comemorações pretendem ter duas perspetivas: “uma vertente de intervenção política, no dia 17, e uma de recriação histórica, no dia 21”. Neste sentido, “pretende-se juntar a AAC, a reitoria e o Ministério da Educação na mesma sala para assinalar a data”, sublinha. Ainda no dia 17, pelas 19 horas, vai ser realizado um debate no Convento São Francisco, onde vão ser discutidos “os novos valores de abril”, informa o vice-presidente da DG/AAC.
Além da discussão decorrer num espaço diferente do habitual, o painel de oradores é constituído apenas por estudantes e, por isso, é “o espelho da voz desta geração”, refere Renato Daniel. O debate traz a palco questões como o pós-colonialismo e a liberdade de expressão, e vai ser moderado pelos órgãos de comunicação social da casa, acrescenta o jovem.
No dia 21 de abril, para “recriar o passado simbólico da academia”, vai ser realizada a “Operação Balão”, assinalada pela “reivindicação dos valores fundamentais para a AAC”, destaca Renato Daniel. “Faz do céu o teu púlpito e do povo o teu auditório” – é desta forma que a DG/AAC apela a todos os estudantes a que se reúnam nos Jardins da AAC, pelas 11h30, onde vão ser lançados balões com frases reivindicativas, escritas pelos alunos, em alusão à manifestação realizada em ’69, sob o mesmo nome.
A divulgação destas comemorações está a ser feita nas redes sociais e chegou junto dos estudantes através de pequenos papéis com a evocação dos valores de abril. A distribuição destas convocatórias mimetiza o que outrora era feito na década de ’60, no período ditatorial. Renato Daniel sublinha que, além disso, esta forma de partilha “tornou o contacto mais pessoal com os estudantes e fez com que estes se sentissem integrados na própria iniciativa”.
O vice-presidente da DG/AAC acredita que, muitas vezes, estas intervenções políticas “caem no esquecimento” e as celebrações do 17 de abril são “uma forma simbólica de levantar o véu do passado”. Neste sentido, deixa o apelo a que toda a comunidade estudantil se mobilize e esteja presente nas comemorações.
