Cidade

Celebrar os livros é um ato de resistência

Gustavo Eler

Casa da Escrita recebe autor Alberto Manguel. Poeta João Rasteiro considera ler como “um espaço de liberdade”. Por Andreina de Freitas e Gustavo Eler

Nesta sexta-feira realizou-se uma conversa entre o escritor argentino Alberto Manguel e o poeta português João Rasteiro, na Casa da Escrita. O evento está inserido no programa do CLIC – Festa das Palavras e foi incorporado no Centenário da Biblioteca Municipal de Coimbra. A sessão faz parte das comemorações do Dia do Livro, assim como outras atividades realizadas entre os dias 21 e 23 de abril.

Durante a sessão, Alberto Manguel conta que chegou a Portugal em 2020 e doou a sua biblioteca pessoal para Lisboa, que possui entre 40 a 45 mil livros e “representa a sua identidade”. O autor, que viveu em lugares como Paris e Milão, deseja que a terra lusitana possa ser o seu último ponto de destino e que “ os seus próximos anos sejam portugueses”.

A conversa teve como orador João Rasteiro e abordou vários temas da vida do argentino, entre eles a sua relação com Jorge Luís Borges e o seu amor por Dante e a Divina Comédia. Segundo João Rasteiro, estas “figuras e personagens são marcantes no trajeto de vida e de leitura de Alberto Manguel”. Também o porquê da doação da sua biblioteca a Lisboa e o título da sua última obra: “Todos Os Homens São Mentirosos” foram alvo de discussão.

No decorrer da sessão, o autor mencionou o seu recente fascínio por autores nacionais como Eça de Queiroz. Alberto Manguel considera que os portugueses “não falam da sua cultura e literatura pela sua honra medieval”, o que, a seu ver, “os torna modestos”. João Rasteiro descreveu o escritor como uma figura ideal para protagonizar a conversa pois, além de “excelente autor, Manguel é um extraordinário leitor que construiu uma biblioteca com milhares de livros”.

Segundo Alberto Manguel, este tipo de atividades destinadas a celebrar a literatura são importantes porque “com tão poucas coisas que há para comemorar com felicidade, cada oportunidade tem de ser aproveitada”. Por sua vez, João Rasteiro salienta que a literatura é um espaço de liberdade “que cada vez existe menos”. O poeta português referiu ainda que “ler é, sobretudo, um ato de resistência”.

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