Ciência & Tecnologia

Serviço de Neurocirurgia do CHUC efetua procedimento inédito

Fotografia cedida por Salomé Marques

Intervenção consiste na implantação de uma prótese de biomaterial absorvível. Neurocirurgião do CHUC acredita que esta operação contribui para personalização dos cuidados dos pacientes. Por Daniela Fazendeiro

Na passada quinta-feira, dia 9 de março, o Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) executou, pela primeira vez em Portugal, uma cirurgia de correção de defeito craniano através de uma prótese absorvível. Esta operação, realizada por uma equipa multidisciplinar que juntou os serviços de neurocirurgia, anestesiologia, bloco operatório e hematologia, foi efetuada num indivíduo com 54 anos.  O procedimento foi bem sucedido e o paciente recebeu alta no terceiro dia.

O CHUC explica, em comunicado de imprensa, que a intervenção consistiu na implantação de uma prótese absorvível. Esta foi desenhada à medida da deformidade, impressa com recurso a uma impressora 3D em biomaterial absorvível e impregnada de medula óssea do enfermo.

Henrique Cabral, neurocirurgião do CHUC, esclarece em nota de imprensa que “de um modo geral, estas cirurgias permitem o realinhamento dos bordos da fratura óssea e o reaproveitamento do osso do próprio doente”. Acrescenta que, neste caso, “tal não se verificou uma vez que existia perigo de contaminação do osso e, por consequência, infeção do sistema nervoso central, devido ao mecanismo da fratura”.

Esta operação deveu-se a uma intervenção ao paciente, noutro hospital, motivada por uma fratura craniana complexa, resultante de um acidente de trabalho. No entanto, o procedimento levou à contaminação e desperdício do osso fraturado. O médico refere que “este doente recorreu então ao Serviço de Neurocirurgia do CHUC para resolução do defeito estético que apresentava, uma vez que se encontrava sem uma porção do crânio desde 2016”.

Nesse sentido, procuraram uma solução junto da indústria dos biomateriais porque os produtos existentes no mercado nacional não satisfaziam as necessidades do paciente, informa Henrique Cabral. O CHUC menciona que esta cirurgia recorreu a “um circuito complexo, desenvolvido pela indústria, desde a importação do material até à obtenção das respetivas autorizações e necessária codificação para utilização do material”.

O neurocirurgião clarificou ainda que “o material que constituiu a prótese vai ser absorvido e a medula óssea aspirada vai-se diferenciar em células ósseas e promover a ossificação”. Desse modo, afirma que, além de eliminar o defeito estético, existe também a correção das alterações microcirculatórias do cérebro subjacente e a diminuição do risco de traumatismo devido à falta de porção do crânio. Reitera, por fim, que “esta cirurgia permitiu encontrar uma solução adaptada a este doente, e caminhar no sentido da personalização de cuidados e de satisfação das expetativas dos pacientes”.

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