Ensino Superior

Propina Zero, mais Ação Social e Habitação: estudantes exigem “Fim às barreiras no Ensino Superior”

Por Mateus Araújo

Estudantes manifestaram-se em Coimbra em prol de melhores condições para ensino superior. Estudante da UC considera não participação da AAC “um completo desserviço à história do Dia Nacional do Estudante, que começou na rua”. Por Mateus Araújo

Hoje, no dia 23 de março, ocorreu uma manifestação sob o lema “Até quando o muro vai aumentar? Fim às barreiras no Ensino Superior”, no âmbito das comemorações do Dia Nacional do Estudante. Foram subscritoras do apelo vinte associações estudantis, nas quais não se inclui a Associação Académica de Coimbra (AAC), que se juntaram em diversas zonas do país por “um maior investimento no ensino”, explica Margarida Mendes, estudante de filosofia que participou na manifestação em Coimbra. Propinas, habitação e ação social foram os principais temas de reivindicação. 

Em Coimbra, a manifestação iniciou junto das cantinas azuis, pelas 16h30, e terminou na porta férrea. Entre os cartazes erguidos pelos estudantes leu-se: “Bolonha, só se for uma viagem”, “Fora SASUCGO”, “Quatro representantes é igual a 25 mil estudantes?”, “Pedimos reabilitação da estrutura”.

A AAC preferiu não subscrever o apelo das associações na Assembleia Magna do último dia 15, onde a proposta apresentada por Gonçalo Lopes foi reprovada com 153 votos contra, face a 53 votos a favor. De acordo com João Caseiro, presidente da Direção-Geral da AAC (DG/AAC), o que motivou a recusa de participação não foi uma questão ideológica, mas sim procedimental: “não sabemos quem são os redatores, a entidade que o desenvolveu, fomos arredados”, explica.

João Caseiro conclui que todos os pontos do apelo apresentado são comuns à luta política da AAC e, na sua opinião, a reitoria da Universidade de Coimbra (UC) “tem falhado para com os estudantes”. Exemplo disso é a situação dos estudantes internacionais, que “pagam o valor máximo de propina definido por lei”. Identifica ainda como pontos a melhorar “a segurança dos espaços da UC, questões pedagógicas e de acessibilidade e a ação social, em particular, o aumento do corpo técnico”.

Margarida Mendes, residente da Real República Rás-Teparta, teve conhecimento da iniciativa “pelo trabalho que a organização fez nas repúblicas, ao visitar todas elas”. Para a estudante, a não participação da AAC foi “um completo desserviço à história do 24 de março, Dia Nacional do Estudante, que começou com luta, na rua, e com reivindicações”. Adiciona que “a AAC, enquanto membro orgulhoso daquilo que foram as crises académicas e as lutas estudantis durante a ditadura fascista, não aderir é um desfavor à sua.”Face à falta de apoio da DG/AAC, a estudante questiona: “Como é que é possível que a voz dos estudantes se faça sentir se o órgão eleito para esse efeito, com poder de mobilização, não se mexe nesse motivo?”.  

Os estudantes saíram à rua no Algarve, em Aveiro, em Braga, na Covilhã, em Évora, em Lisboa, no Porto e em Coimbra. No final das manifestações na capital, o Primeiro Ministro ouviu as razões da luta estudantil.

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