Festival traz a palco temas relativos ao género e identidade. Presença de “cada vez mais corpos diferentes e com deficiência” é aspeto destacado por Fernando Matos Oliveira. Por Mariana Neves
O Festival Abril Dança volta aos palcos de Coimbra de 1 a 30 de abril e, nesta nova edição, conta com a cooperação de quatro espaços culturais da cidade, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), o Convento São Francisco, o Teatrão – Oficina Municipal de Teatro e a Escola da Noite. O evento conta com espetáculos de dança, projeções de filmes, exposições e participar ‘masterclasses’, como informa o diretor do TAGV, Fernando Matos Oliveira.
O conceito por detrás do projeto surgiu há 8 anos com o intuito de celebrar o mês da dança, durante o qual o TAGV tinha uma programação focada em novos criadores, sobretudo na área da dança contemporânea e, desde aí, tem vindo a crescer, salienta. “A dança é, hoje, um grande território de criação” e, em especial, a dança portuguesa “tem um lugar de destaque no contexto europeu”, afirma o dirigente.
Fernando Matos Oliveira explica que esta nova parceria de coprodução possibilitou a organização de um festival “com maior ambição”, dividido em 27 eventos que vão além da dança. O festival incorpora apresentações de espetáculos, residências artísticas e também estreias nacionais, destaca. Esta edição conta com obras que retratam a vida moderna, com destaque para “TIME”, da autoria de Aldara Bizarro, que permite fazer uma reflexão sobre “a aceleração e o produtivismo crescente da vida contemporânea”, refere o diretor.
Este ano o festival traz a palco temas relativos ao género e identidade. Espetáculos como “HIP, a pussy point of view”, fazem “uma reflexão sobre a fronteira entre o masculino e o feminino”, declara Fernando Matos Oliveira. Dentro desta temática, a criação “Atlas da Boca”, produzida pela atriz trans Gaya de Medeiros, está também em destaque.
Fernando Matos Oliveira aponta também a presença do coreógrafo Rui Horta e a sua relevância na “nova dança portuguesa” nesta edição. O artista vai apresentar “Os Sonhos de Einstein”, um trabalho sobre a “expansão e contração” do tempo, no Convento São Francisco no dia 21 de abril. O diretor destaca ainda a “sintonia geracional” neste espetáculo, através da participação de estudantes dos 16 aos 24 anos enquanto artistas de dança profissionais.
Por fim, o dirigente acredita que este festival permite à dança “sair das suas fronteiras disciplinares” e mostrar que esta área está “aberta às mais variadas disciplinas artísticas e aos corpos”. A presença de “cada vez mais corpos diferentes e com deficiência” é um aspeto destacado por Fernando Matos Oliveira. Deixa ainda o desafio à comunidade de assistir ao festival e se permitir surpreender pela “vontade que a dança tem de pensar e dançar em conjunto”.
