Ensino Superior

“Casas de mais de 50 gerações não são só um capricho”

Sam Martins

Repúblicas pedem ajuda da comunidade estudantil com angariação de fundos em parceria com a AAC. Objetivo passa pela aquisição do imóvel. Por Sam Martins

A Associação Académica de Coimbra (AAC) está a promover, desde dia 21 de março, a angariação de fundos das duas repúblicas em risco de desmantelamento: Real República Rápo-Táxo e República dos Fantasmas. As casas têm até ao final de 2023 para a adquirem o imóvel, uma vez que não foi possível chegar a um acordo com o senhorio quanto ao valor das rendas, o que as coloca em risco de despejo. A iniciativa foi anunciada pela AAC, numa publicação na página oficial do Instagram onde se pode ler a história destas “duas das 24 Repúblicas de Coimbra”.

A partilha decorre da necessidade de fundos por parte das casas. Até agora, estes têm sido “fornecidos por antigos membros e amigos”, como é referido por Ricardo Gomes, residente na República dos Fantasmas. Esta medida é uma de muitas, pois há a “necessidade de parte do dinheiro ser dado pela geração atual de residentes”, reforça o mesmo.

À frente do processo estão dois membros antigos de ambas as repúblicas, informa Beatriz Pedrosa, também residente na República dos Fantasmas. “Apoios garantidos são da Reitoria, antigos das casas, e amigos da casa”, conclui.

No que toca à CMC, a residente indica que “estão a decorrer as negociações, portanto não é possível obter uma resposta relativa ao apoio”. A compra é “um assunto sensível para a comunidade e será feita uma festa se for conseguida”, garante Beatriz Pedrosa. A aquisição é importante, pois “é casa de 54 gerações, não é só um capricho”, expõem os repúblicos. “É uma casa que nunca está fechada”, rematam.

Catarina Serra e Rodolfo Pedro, residentes na Real República Rápo-Táxo, referem que “são cerca de 130 pessoas” a ficar sem a casa se a aquisição não for bem-sucedida, em que “futuras gerações não vão ter sítio para habitar”. O número de prejudicados é “incontável, sem esquecer os animais que vão perder o sítio onde viver”, desabafa. Quanto a plano B, a residente afirma que “nunca desistir é o plano, ir para a rua se preciso” e termina ao garantir que “a Rápo não se vai extinguir”.

Por fim, Rafael Matos, responsável pela Ação Social da AAC, refere que, “pela importância histórica que as repúblicas têm (e tiveram, por exemplo, na Crise Académica de 69), foi considerado importante ajudar na angariação de fundos”. Desta forma, considera que “jamais se pode pôr em causa a sua autonomia”. O jovem informa ainda que existe uma vontade de “aproximar as repúblicas e a AAC” e, por isso mesmo, esta “estará presente na reunião que vai ocorrer em breve entre as casas e a CMC”.

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