Cultura

“Todas as Coisas Maravilhosas” no Convento São Francisco

Raquel Lucas

Espetáculo contou com interação de membros da plateia. Ivo Canelas retrata relação com público como algo “íntimo, que não deixa espaço para a mentira”. Por Miguel Santos

Nos dias 4 e 5 de fevereiro, no Convento São Francisco, decorreu, durante a tarde, uma peça de teatro no âmbito do projeto “Todas as Coisas Maravilhosas”, produzida por Ivo Canelas. O espetáculo teve uma duração de duas horas e trata-se de uma adaptação de um texto original de Duncan Macmillan. Ao longo de cada sessão, o ator convidou a palco membros da plateia, que, com a sua ajuda, participaram na peça.

O artista considera o “feedback das pessoas maravilhoso”, comprovado por “ter esgotado todos os espetáculos”. A par disso, confessa “dormir menos bem”, por conta da agitação que sente no final de cada peça. “Estar em contacto com muitas pessoas altera a energia de cada um, que é muito intensa”, declara Ivo Canelas. No entanto, aprecia a relação de proximidade que mantém com o público, algo “íntimo, que não deixa espaço para a mentira”.  

No que toca à música usada e à sua importância, o intérprete afirma que esta é “fulcral para o espetáculo, pois ajuda cada um a identificar a sua tribo e a contactar com as suas emoções”. Segundo Ivo Canelas, a função dos temas musicais na sua peça é “levar a audiência a revisitar a sua memória, mas também alterar a sua energia”, pois acredita que esta tem esse efeito no público. Para tal, o artista confessa que teve de ouvir várias faixas para escolher as mais adequadas a utilizar no palco.

Em relação às diferenças entre fazer teatro e cinema, o ator constata que existe um lado seu que “não distingue os dois meios” e que “se atuar é ter uma reação real a estímulos imaginários, então cinema e teatro são iguais”. Porém, destaca a diferença principal entre os dois, do ponto de vista técnico: “no cinema utiliza-se um microfone, o que permite ao ator não ter de projetar a voz e facilitar o contacto com a realidade”. Em relação ao teatro, realça ainda a “parte cansativa de se fazer a mesma coisa várias vezes”, a par da sua “vertente humana, por mostrar o erro”, o que considera “muito bonito”.

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