Projeto promove língua portuguesa e união da comunidade lusófona através da escrita. Textos vão ser premiados com publicação e encenação. Por Miguel Santos
O Teatrão, em Coimbra, já abriu as candidaturas para o concurso Fantasia Futurista, que conta a parceria do Instituto Camões. As candidaturas são aceites até dia 10 de março. O projeto está direcionado para autores residentes em países de língua portuguesa e aceita somente textos de dramaturgia nesse idioma, uma vez que o procura promover. Segundo a diretora artística do Teatrão, Isabel Craveiro, este projeto “estimula as pessoas a enviar textos de dramaturgia portuguesa, desde vários pontos do mundo”.
De acordo com Isabel Craveiro, esta iniciativa nasceu porque no próximo ano celebram-se os 50 anos do 25 de abril e os 30 anos do Teatrão. Explicita que que neste projeto existe o “desafio de explorar o tema da revolução dos cravos”, dado que se procura “estimular as diferentes visões sobre este acontecimento que tanto mudou os vários países de língua portuguesa”. Esta relação, a seu ver, surge da “constante influência” da história do mundo na dramaturgia, que se nota na obra de dramaturgos como Shakespeare, por exemplo.
Em relação aos textos submetidos, o objetivo é serem publicados, lidos publicamente e encenados em “vários sítios”, declara a diretora artística. A ideia “não é limitar os concorrentes”, mas “estimulá-los a escrever sob a reflexão do tempo que passou”, à luz das comemorações que se avizinham. Isabel Craveiro revela ainda que se conhece pouco da dramaturgia dos outros países lusófonos. “Entender as reverberações de Abril nos países de influência portuguesa e conhecer melhor o seu meio teatral é um dos intuitos principais”, declara a entrevistada.
O júri é composto pelos dramaturgos Valério Romão e Jorge Louraço, e os diretores artísticos Inês Craveiro e Marco António Rodrigues e um representante do Instituto Camões. A diretora artística justifica a escolha dos jurados com critérios como “trabalho regular” já desenvolvido com o Teatrão, “experiência” na área, e “capacidade para avaliar as obras”.
Para participar no concurso, os candidatos têm, antes de mais, de submeter o texto até dia 10 de março. Após este prazo, os concorrentes serão contactados para receberem materiais enviados pelo Teatrão e realizar as suas sinopses. A seleção e divulgação das cinco melhores candidaturas tem como prazo máximo 9 de junho e a sua avaliação será comunicada aos concorrentes até ao final de julho. Posto isto, os participantes usufruirão de seis meses para escrever os seus textos finais, antes do dia 10 de novembro. O prémio do concurso é a publicação e encenação dos textos, bem como uma bolsa de criação de 250 euros.
Inês Craveiro destaca as “grandes expectativas” e os “resultados entusiasmantes”, dado que já “mais de 60 pessoas se inscreveram neste Fantasia Futurista”. “É muito emocionante perceber que há um feedback do outro lado”, confessa a diretora artística. Aborda também a “imprevisibilidade” do projeto, pois “não se sabe se os textos serão bons”, porém, há “muita gente a concorrer”. Destaca ainda que, até agora, o país lusófono com mais textos submetidos é o Brasil. “No teatro correm-se muitos riscos”, mas isso “faz parte do processo”, remata.
