Livro Preto da Sé de Coimbra aponta para existência de antigo cemitério no local. Aguarda-se veredito final por parte da DGPC quanto ao prosseguimento regular da empreitada. Por Tiago Paiva
As obras de requalificação do Largo da Sé Velha encontram-se pendentes após a descoberta de um conjunto de sepulturas na área adjacente ao traçado das infraestruturas em redor. Colidem também com uma rede de média tensão onde vão ser implementadas tubagens de águas pluviais e residuais. A empreitada encontra-se imobilizada por tempo indefinido, de acordo com a Direção Regional da Cultura do Centro (DRCC) e a Direção Geral do Património Cultural (DGPC). Porém, a empresa de fiscalização responsável pela obra já emitiu o protocolo para as Direções referidas, com as respetivas medidas e elementos necessários para que o trabalho prossiga de forma linear.
Segundo a DRCC, a empreitada que conta com o valor total de investimento de cerca de 410 mil euros, resulta de uma colaboração com a Universidade de Aveiro, liderada pelo Professor Aníbal Costa e pela Arquitetora Alice Tavares. A empresa Lusocol encarrega-se pela parte executiva da obra. A requalificação iniciou em dezembro de 2021 e, no início, previa-se a sua conclusão em dezembro do ano seguinte. No entanto, estima-se um alargamento do atraso devido à descoberta das sepulturas no local exato a operar.
A intervenção tem como objetivo concretizar várias reparações e aprimoramentos de mecanismos de proteção que envolvem o edifício. Ainda assim, toma como foco principal as coberturas e os sistemas de drenagem de águas pluviais. Entre outros aspetos que nutrem o propósito da obra, esta visa ainda responder a ações de conservação e restauro do espaço histórico, como o revestimento cerâmico de algumas fachadas e a estabilização de elementos pétreos no interior do monumento.
Na área da Sé Velha já se encontram concluídos trabalhos relativos à edificação de infraestruturas. Ou seja, já estão implementados os abastecimentos de água, estruturas elétricas, de telecomunicações e pavimentação. Na restante zona do largo, os procedimentos também já estão finalizados, à exceção do local onde foram encontradas as sepulturas, em frente às escadas de acesso.
Um documento registado no Livro Preto da Sé de Coimbra (livro que contém arquivos e informações alusivas à história, direito e política) refere que “era necessário que a Sé fosse construída no mesmo local onde havia a antiga igreja”. A relevância disto prende-se pelo espaço ter sido aproveitado “em grande parte para cemitério que circundava e emoldurava o edifício”, antes da construção da própria Sé.
Por agora, aguarda-se que a DGPC se pronuncie sobre a data da retoma da obra, que se situa dentro do limite do bem classificado da “Universidade de Coimbra – Alta e Sofia”, Património Mundial da UNESCO. Para o retomar do projeto, foi enviado a 3 de fevereiro à DRCC o relatório das medidas que visam minimizar a desconstrução das sepulturas. Junto deste, foi emitido um novo Pedido de Autorização de Trabalhos Arqueológicos, a 7 de fevereiro.
