Cultura

menor estreia-se em GRANDE 

Mariana Neves

Festival arranca com álbum de KMRU & Aho Ssan, que explora “limites e extremos”. Peça sonora de Jonathan Uliel Saldanha evoca “conceito de presença” ao criar ambiente obscuro. Por Mariana Neves    

A primeira noite do menor – Festival de Música Eletrónica decorreu hoje, pelas 21h30, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), com duas marcantes atuações. O espetáculo iniciou com os artistas KMRU & Aho Ssan, que apresentaram o álbum “Limen”, em estreia nacional. Para finalizar a noite, Jonathan Uliel Saldanha brindou o público com a sua peça sonora HYPER IKONOSTASIS, criada em exclusivo para a sala do TAGV.

Os artistas e amigos KMRU & Aho Ssan juntaram a sua arte e trouxeram ao placo do espaço a sua mais recente colaboração. Segundo KMRU, este álbum procurou explorar “os limites e os extremos”. Durante toda a atuação a música envolveu-se com o visual. Numa primeira parte predominaram os tons de cinza e a chuva para, de seguida, dar lugar a tons quentes de lava.

Jonathan Uliel Saldanha apresentou-se em palco sem expetativas sobre a receção da sua peça por parte do público. Antes da atuação, sem dar grandes detalhes sobre o que esperar da noite, o artista revela que “é mais interessante as pessoas descobrirem em tempo real, a partir da sua perceção”. O título escolhido para esta peça sonora, HYPER IKONOSTASIS, evoca “o conceito de presença”, explica o artista. Esta criação artística permite que o público “assista às modulações do tempo”, refere.

A sua atuação foi marcada, em grande parte, pela ausência de luz, o que permitiu ao público o foco total na música e na entoação dos sons. Segundo Jonathan Uliel Saldanha, a composição foi uma mistura de algumas “peças corais” que fez nos últimos anos e algumas vozes com quem tem colaborado no Uganda. Neste momento, o músico confessa que no panorama da música electrónica, é fora da Europa que encontra o que “lhe comunica mais”. Na visão do artista, editoras como a Nyege Nyege, de Uganda, têm “uma visceralidade e uma implicação na música fundamental nos tempos de hoje”, que não tem encontrado noutros sítios.

Para Aho Ssan, o panorama mundial da indústria da música eletrónica é “entusiasmante”, pelo que sublinha que “há imenso a acontecer em todas as partes do mundo”. Para o músico, a pandemia foi também um marco na indústria, uma vez que permitiu “pensar em novas formas de colaborar à distância”. 

O festival continua amanhã com as atuações de Tropa Macaca e Bella Báguena, às 21h30, e encerra domingo com Cavernancia, às 18h.

Mariana Neves
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