Vanessa Coelho Santos inaugura bolsa da fundação La Caixa em Coimbra. Estudo pode permitir intervenção em patologias como Alzheimer e AVC. Por Ana Cardoso e Sofia Moreira
A investigadora auxiliar da Universidade de Coimbra (UC) conseguiu financiamento para o projeto “Desvendar a mudança neonatal no acoplamento neurovascular: uma abordagem multimodal”. Este estudo, iniciado em dezembro de 2022, foi vencedor de uma bolsa da fundação La Caixa que premeia investigadores que queiram desenvolver o seu trabalho em Espanha ou Portugal.
A ideia surge na sequência de estudos anteriores sobre a discrepância entre recém-nascidos e adultos, na ligação que existe entre vasos sanguíneos e neurónios. Esta ligação é diferente e inconstante nos neonatais, e o objetivo da investigadora é perceber como ocorre o seu desenvolvimento normal. Em relação a isto, Vanessa Coelho Santos faz uma analogia com um jogo de encontrar diferenças: só é possível ver que o desenvolvimento cerebrovascular funciona mal quando conhecemos o seu normal funcionamento.
É possível prever alterações no desenvolvimento da resposta cerebral associadas a lesões através de imagem cerebral funcional. Este processo de análise baseia-se no fluxo sanguíneo e na oxigenação no cérebro, necessária para o funcionamento dos neurónios, já que não têm capacidade de armazenamento. Vanessa Coelho Santos acredita que vai ser possível “intervir em patologias quando o acoplamento neurovascular fica comprometido não só durante o desenvolvimento, mas em outras patologias, tais como a doença de Alzheimer ou o AVC”.
Com uma equipa de uma só mulher, a investigadora deixou os Estados Unidos da América para realizar a investigação na sua terra natal, um desejo seu. Vanessa Coelho Santos revela que a verba de 300 mil euros vai permitir o recrutamento de mais interessados. Esta bolsa, entregue pela primeira vez em Coimbra, permitiu à investigadora “iniciar uma carreira mais independente” com uma investigação delineada pela própria.
