Ciência & Tecnologia

Inteligência Artificial aliada a autismo em estudo da UC

Fotografia cedida por Sara Machado

Iniciativa procura estudar e caracterizar desenvolvimento do autismo. Estudo inovador garante maior recolha de informação a partir de atividades motoras. Por Miguel Santos

O Instituto de Sistemas e Robótica está a desenvolver um novo projeto que procura estudar e caracterizar as perturbações do desenvolvimento do autismo, com recurso à inteligência artificial. Este é uma unidade do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. O projeto intitula-se Move4ASD e tem como parceiro o Centro de Imagem Biomédica e de Investigação Transacional da Universidade de Coimbra (UC). A Universidade de Oxford está também envolvida através da investigadora Tingting Zhu, que colabora no estudo.

Esta iniciativa foi lançada pelos investigadores da UC Miguel Castelo Branco, João Ruivo Paulo Teresa Sousa. Embora ainda no seu estágio inicial, a investigação pretende saber como se caracteriza o autismo em relação à sua função motora. O ponto de partida para este projeto foi a crença de que, no caso dos autistas, existe uma anomalia no neurónio-espelho, o que dificulta a aprendizagem através da imitação de comportamentos humanos.

De acordo com o investigador João Ruivo Paulo, nesta experiência “os participantes são desafiados a imitar um boneco a andar ou a dançar, por meio de vídeos”. Segundo o mesmo, também são levadas a cabo “tarefas de imitação de marcha associados a estados emocionais”, tais como “caminhar contente ou triste” e “reproduções de danças a solo ou a par, com um dançarino imaginado por eles”. A investigação planeia encontrar novos biomarcadores, que são características discriminativas de uma condição médica, para detetar, neste caso, o autismo.

As tecnologias utilizadas são, por exemplo, os capacetes neurológicos, que servem para fazer uma análise mais eficaz e pormenorizada dos indivíduos. Os investigadores trabalham com redes neuronais artificial, cujos dados são recolhidos pelas “toucas” que os participantes colocam. Até à data, estudou-se apenas um único grupo de controlo, constituído por pessoas saudáveis. Ainda assim, está a ser recrutada uma equipa de indivíduos autistas para a próxima fase do projeto. João Ruivo Paulo destaca a contribuição “ativa” dos voluntários, que se podem envolver por contacto com o docente.

Para o investigador, a importância deste projeto passa por “abordar o autismo de uma forma nova” pois, noutros estudos, “os dados são recolhidos por ressonância magnética e a pessoa analisada está deitada”. Neste caso é possível “estimular melhor o indivíduo e permitir que ele se mova”, de maneira a obter mais informação durante atividades motoras. Acrescentou que “ao serem descobertos novos biomarcadores, torna-se possível identificar indivíduos que não tenham sido diagnosticados” ou “identificar casos de difícil deteção”. Finaliza ao declarar que o objetivo e relevância finais do projeto são “ajudar no estudo de novos casos clínicos”.

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