Ensino Superior

Amílcar Falcão faz balanço positivo do último mandato

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Candidato considera rejuvenescimento do corpo docente como uma oportunidade. Investimento na investigação mantém-se no próximo mandato. Por Simão Moura.

À beira das eleições para o cargo de reitor da Universidade de Coimbra (UC), o Auditório da Reitoria foi, no dia 30 de janeiro, palco de uma audição aberta ao público. O único candidato, Amílcar Falcão, apresentou os resultados destes últimos quatro anos, bem como o plano para os próximos. À semelhança do mandato cessante, o também atual reitor idealiza um programa pautado pela internacionalização, pela investigação, pela inovação, pelo ensino e por outros desafios societais.

O candidato destaca as pessoas que integram a Universidade de Coimbra, desde os alunos aos docentes, como o foco de trabalho. Nesse sentido, relembra a criação da Comissão de Trabalhadores, que considera “fundamental para ter interlocutores que apontem críticas construtivas”. Para além deste órgão, que considera representativo da comunidade académica, salienta as mudanças feitas à estruturação da UC. Fruto, em parte, da pandemia, os Serviços de Comunicação e Marketing e o Serviço de Promoção e Gestão da Investigação são exemplos das adições feitas à estrutura da UC.

Por fim, Amílcar Falcão sublinha o trabalho desenvolvido na esfera dos recursos humanos. O dirigente demonstra um aumento tanto no número de trabalhadores empregues pela UC, como nos estudantes que a frequentam. A seu ver, a superação do número total de estudantes registado no ano letivo de 2012/2013 significa que “a atratividade melhorou”.

O reitor também aponta para melhorias no campo da investigação ao longo do último mandato. Desde o seu início, o número de bolsas do European Research Council atribuídas à UC aumentou para 9, o que se traduz em “50 ou 60 investigadores de alta qualidade”. Outros fatores que viram melhorias são o número de projetos em que a universidade está envolvida e o financiamento alocado à investigação, entre outros. Por último, o candidato declara que foi cumprido 84 por cento do plano estratégico para o mandato cessante, o que considera “bastante bom”.

Ao encarar o futuro, o foco em tornar a UC numa “universidade de investigação” vai manter-se, com especial atenção às áreas da saúde; clima, energia e mobilidade; recursos alimentares, agroalimentar e ambiente; digital, indústria e espaço e património, cultura e sociedade inclusiva. Outro dos temas que marcou o evento foi a possibilidade da criação de uma zona metropolitana de Coimbra. “É fundamental que haja esta consciência para a necessidade de nos unirmos na região e não sermos esmagados pelas áreas metropolitanas do Porto e Lisboa”, comenta Amílcar Falcão. O novo polo da UC na Figueira da Foz também foi mencionado, com o candidato a dizer que, dentro de três anos, vai ser uma realidade “muito consistente”. Também foi exposto um plano para aumentar a produção energética da universidade, no sentido de a tornar totalmente autónoma.

Os membros do Conselho Geral tiveram a oportunidade de questionar o reitor sobre diversos temas. O rejuvenescimento do corpo docente foi um dos assuntos mais debatidos, ao que Amílcar Falcão responde que a Constituição não permite colocar um limite de idade à contratação de novos professores. No entanto, revela que a UC tem combatido este problema ao avaliar com mais detalhe os últimos cinco anos de trabalho do/a candidato/a. Aos seus olhos, esta medida permite “perceber se a pessoa, independentemente da idade que tem, tem um valor recente que permita projetar um futuro com qualidade”.

Em relação aos professores auxiliares, o dirigente explica que só se pôde dedicar ao assunto em 2022, fruto das contratações para este cargo, feitas pelo seu antecessor, o reitor João Gabriel, que o impedia “do ponto de vista orçamental”. Posto isto, Amílcar Falcão encara o processo de rejuvenescimento do corpo docente como uma oportunidade. Face aos 350 professores que vão sair da universidade até 2030, explica que os seus substitutos “não podem ser flops, têm de ser pessoas de qualidade”, e que isso vai fazer a diferença “nos próximos 40 anos”.

À contratação de novos docentes soma-se a de novos investigadores. O candidato comenta que a solução, no fundo, é “dar condições” para a investigação, o que se traduz em mais financiamento. Esta falta de capital revela-se um dos maiores obstáculos para a UC, com o reitor a revelar que, sem as verbas atribuídas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a UC só ia aguentar dois anos a pagar a todos os investigadores que emprega. Na perspetiva do reitor, a contratação de investigadores internacionais também não é a solução, uma vez que a UC não é capaz de corresponder às expectativas salariais dos candidatos.

Do outro lado da comunidade académica, os laços entre a universidade e a Associação Académica de Coimbra (AAC) também foram abordados. Amílcar Falcão considera que a relação que se estabelece entre as duas é “fortíssima”, mas relembra que a AAC é uma estrutura independente da UC, e considera a duração de um ano dos mandatos da Direção-Geral da AAC como um elemento desestabilizador. Nesse sentido, elogia o trabalho dos Núcleos de Estudantes, que considera facilitarem esta relação de proximidade entre as estruturas.

Em relação ao edifício sede da AAC, o candidato refere a necessidade da “otimização dos espaços”. Acrescenta ainda que “há muitas salas que estão fechadas há anos e pessoas a dizer que precisam de espaços”. A seu ver, este problema pede um diálogo conjunto da Académica e da Reitoria, que se prontifica a “acompanhar as necessidades da AAC”. A ação social também não foi deixada de fora do debate. Amílcar Falcão declara que esta é o “padrão” da UC, na qual “sempre investiu, continua a investir, e vai continuar a investir”, e garante que, nos próximos 4 anos “isso não vai mudar”.

A nova comissão para a revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, tema que gerou alguma polémica nas últimas semanas, também foi trazida ao púlpito. Quando questionado sobre a sua posição, o reitor comenta que “há tanta contestação à comissão que a comissão deve ser boa” e que, se todos estivessem satisfeitos, “haveria ali umas coisas mais esquisitas”. Refere também que, por lei, vai haver uma oportunidade para a comunidade académica manifestar a sua opinião quanto ao seu trabalho. Ainda assim, assegura que o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, que integra, se pronunciou sobre a matéria, mas que “não fez nos jornais, fez onde tinha que fazer”.

Com base nas experiências dos últimos quatro anos, Amílcar Falcão sublinha a necessidade de encarar os problemas “todos juntos, a remar para o mesmo lado”. O ato eleitoral decorre no próximo domingo, dia seis de fevereiro.

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