Ensino Superior

AAC marcha pelo Estudante Internacional

Por Luísa Macedo Mendonça

Conselho Académico Internacional propõe criação de Dia do Estudante Internacional a 10 de
março. Evento celebrativo do Dia da Educação alerta para dificuldades acrescidas de
estudantes internacionais. Por Ana Filipa Paz e Luísa Macedo Mendonça

O Dia Internacional para a Educação, instituído pela Organização das Nações Unidas em 2018,
foi celebrado hoje com uma marcha levada a cabo pela Associação Académica de Coimbra
(AAC). A Direção-Geral da AAC (DG/AAC) optou por destacar o tema do estudante
internacional, em parceria com os estudantes do Conselho Académico Internacional. A
colaboração pretende, acima de tudo, a criação do Dia do Estudante Internacional, cuja
proposta vai ser apresentada ao Governo. De acordo com a nota publicada na conta oficial da
AAC, a iniciativa deveu-se à necessidade de destacar as condições e direitos do estudante
internacional que têm vindo a ser “desprezados pela governação política e educativa
portuguesa”.

Os principais tópicos abordados no evento foram: o valor da propina abusiva, superior no caso
dos estudantes internacionais quando comparado com os nacionais; o alojamento; o
“recorrente descomprometimento em reforçar a acessibilidade e qualidade de ação social no
espaço da universidade”, e, ainda, “o descrédito quanto à importância da expansão estudantil
nos órgãos de governação das instituições de ensino superior”, destacados na nota publicada.
Na conferência de imprensa estiveram também alguns dos representantes do Conselho
Internacional, que ressalvaram a dificuldade de integração cultural e linguística.

marcha pelo Dia Internacional da Educação iniciou pelas 16h na frente da porta férrea,
seguiu pela escadaria monumental e terminou no edifício-sede da AAC. Apesar do tema
escolhido para a marcha, ao longo do percurso foram ouvidos cânticos de ordem já conhecidos
relativos aos temas das propinas, processo de Bolonha, ação social, cantinas, entre outros,
introduzidos por estudantes que participaram. “É preciso fazer mais, mas este é um bom
primeiro passo”, declarou a vice-presidente dos Académicos Timorenses de Coimbra. A adesão
ao evento foi “bastante satisfatória”, de acordo com o presidente da DG/AAC, João Pedro
Caseiro, “vai ao encontro das expectativas, tendo em conta que estamos em época de
exames”.

Na intervenção em conferência de imprensa, Filippe Vaz, membro da Associação de
Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (APEB/Coimbra) e secretário-geral do
Conselho Académico Internacional, relembra o facto de a propina internacional ter “um valor
dez vezes superior ao da propina nacional, facto que não prioriza a sustentabilidade social”.
Braima Balde, membro da Organização de Estudantes da Guiné-Bissau em Coimbra, ressalvou
a dificuldade de “adaptação a nível cultural e académico” que os estudantes internacionais
enfrentam. Por sua vez, Neyda Lima, Associação de Estudantes de São Tomé e Príncipe em
Coimbra, tem esperança que, “com o Conselho Académico Internacional, se consiga
ultrapassar maior parte dos problemas”.

Quanto à pareceria entre a AAC e o Conselho Académico Internacional, João Caseiro revela
que a instituição tem trabalhado no sentido de uma “aproximação dos estudantes
internacionais através do Conselho Académico Internacional e pretende continuar a fazê-lo”.
Filippe Vaz explica que um dos motivos da criação da estrutura é “unir e dar voz aos
estudantes internacionais para que seja possível levar a cabo reivindicações como a não
discriminação, propina e inclusão do estudante internacional no ambiente académico”.

No que diz respeito à postura da reitoria face aos problemas deste grupo de estudantes, as
bolsas de estudo para estudantes internacionais “foram um pequeno passo”, destaca o
membro da APEB/Coimbra. Porém, as “respostas das reitorias não têm sido favoráveis em
relação à redução da propina internacional”, confessa. O estudante revela ainda as
dificuldades acrescidas dos seus representados, dado serem “impedidos por lei nacional a
apoio social direto”. Termina a sua intervenção ao concluir: “Estamos uns passos atrás dos
estudantes nacionais nas reivindicações”.

De acordo com o presidente da DG/AAC, os próximos passos passam pela inclusão dos
problemas específicos dos estudantes internacionais no caderno reivindicativo a apresentar à
nova equipa reitoral, que ainda vai tomar posse. O objetivo principal é, no entanto, a
apresentação da proposta, inicialmente sugerida pelo Conselho Académico Internacional, ao
Governo de criação do Dia Internacional do Estudante Internacional a 10 de março.

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