Cultura

Gregório Duvivier traz a Coimbra peça “Sísifo”

Larissa Britto

Com apenas uma rampa de ceránio, Gregório apresenta espetáculo existencialista. Peça é marcada por monólogo metafórico, recheado do seu humor característico. Por Gustavo Eler e Sofia Moreira

“Não se chega a um lugar sem antes passar por outro”. Com essa constatação, Gregório Duvivier, único ator da peça, dá início ao espetáculo que está de passagem por Portugal. Denominado Sísifo, realizou-se no dia 9 de dezembro, no Convento São Francisco, em Coimbra. O comediante marcou também presença no Porto, em Lisboa e, no dia 10, finaliza a sua jornada em Águeda.

A apresentação propõe trazer o mito grego de Sísifo como metáfora para criticar a atualidade e comunicar com o espectador numa esfera pessoal, por meio de um pensamento existencialista. O ator interpreta diversos personagens ao decorrer da peça, dos quais André é o principal e funciona como “o fio condutor das cenas”, de acordo com Gregório Duvivier.

Assim que o público entra na sala, depara-se com uma rampa enorme, que ocupa quase todo o palco. Central para a execução metafórica do mito, ela é subida e descida pelo humorista dezenas de vezes durante o espetáculo, à medida que o nível de tensão da cena oscila.

A rampa, ao início, representa uma pista de dança que André precisa de atravessar para conseguir uma bebida, mas ela passa a tomar diferentes formas ao mesmo tempo que o texto amadurece outras ideias. Gregório Duvivier e Vinícius Calderoni, coautor do texto, conseguem introduzir pequenas histórias representativas do contexto sociopolítico brasileiro atual, dirigido a um público português.  A título de exemplo, Gregório Duvivier interpreta uma ex-vendedora de brigadeiro, um apóstolo, um influenciador digital, um mímico e até um escritor, de maneira metalinguística.

Gregório relata não ter sentido dificuldade em trazer uma peça pensada para o público brasileiro ao cenário português, pois a comunidade está “acostumada a consumir coisas sul-americanas”. O ator ressalta, entretanto, que “a vida do artista português no Brasil é mais difícil” e espera que haja uma atenção maior às produções lusitanas por parte dos seus conterrâneos.

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