Coimbra dá palco a Carolina Deslandes, Seu Jorge, The Black Mamba, entre outros. Pedro Abrunhosa sublinha que programação está ao nível das “melhores salas do Reino Unido”. Por Renato Duarte e Tiago Paiva
O Convento São Francisco (CSF) anunciou, este mês, a sua programação para o primeiro semestre de 2023. Em alinhamento com a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), e como um dos seus instrumentos com contributo para a dinamização cultural da cidade, o CSF procurou acrescentar mais diversidade e impacto à sua agenda cultural.
O presidente da CMC, José Manuel Silva, destaca, em comunicado de imprensa, a “singularidade das infraestruturas” do CSF e a sua “identidade programática” que, de uma forma inédita, agora se revela mais planificada através de uma agenda semestral. Na apresentação da programação, no passado dia 5 de dezembro, o músico Pedro Abrunhosa esteve presente e adjetivou esta iniciativa como “ousada e arrojada”, ao destacar que “poderia estar a ombrear com as melhores salas no Reino Unido”.
Na área da música, o CSF coloca em destaque o lançamento de novos discos de artistas nacionais de renome. Músicos e bandas como Carolina Deslandes, The Black Mamba e Jorge Palma estreiam novos trabalhos, na sala que a CMC pretende estabelecer como “equipamento cultural de referência na zona centro do país”, como explicado em nota de imprensa.
A programação foca-se, também, na continuidade, com o CSF a aliar-se à autarquia para dar seguimento ao ciclo “Saudades do Brasil em Coimbra”. Depois de um primeiro concerto na Praça 8 de maio no passado mês de setembro, surgem uma série de espetáculos especiais que procuram fazer jus ao objetivo do projeto, ao cruzar as áreas da cultura, artes e negócios portugueses com as brasileiras. O Grande Auditório do CSF vai receber artistas como Seu Jorge, Daniel Jobim ou, ainda, Adriana Calcanhoto, com a estreia mundial do seu novo disco.
Outros ciclos programáticos como o “Carta Branca a…” ou “Santos de casa fazem milagres”, vão dar prioridade aos jovens talentos do concelho de Coimbra através de processos de residência artística. A oferta de mentorias e a dinamização de parcerias com artistas nacionais reconhecidos contribuem também para este objetivo. Na apresentação da programação, Filipe Gouveia e Melo, jovem pianista conimbricense, mencionou que considera uma vantagem “ter nascido em Coimbra, uma cidade que oferece todas estas oportunidades”.
Em busca da “criação de uma estrutura profissional de dança em Coimbra”, como foi referido em nota de imprensa, o CSF tem como objetivo aumentar e tornar mais diversificada a oferta nesta área. As salas de espetáculos vão receber, no próximo ano, uma nova criação da companhia Olga Roriz, a estreia em Coimbra da companhia Quorum Ballet acompanhada pela Orquestra Clássica do Centro e, ainda, a Companhia Nacional de Bailado. Está anunciada, também, mais uma edição do festival “Abril Dança em Coimbra” com uma programação renovada.
O CSF procura, no primeiro semestre do ano em questão, integrar a encenação e outras componentes artísticas no sentido em que vai procurar ir ao encontro do “gosto de todos os públicos”, mencionou o presidente da CMC na sessão de abertura do projeto. O espaço vai contar com a presença de Ruy de Carvalho, que apresenta a peça “Ruy – um retrato autobiográfico”, e de Ivo Canelas, que interpreta o monólogo “Todas as coisas maravilhosas”, escrito pelo dramaturgo Duncan MacMillan. A última contrasta questões como a saúde mental e o suicídio com os aspetos positivos que a vida proporciona. O Convento vai também ser palco da comédia “Noite de Reis”, da autoria de Shakespeare, interpretado por Ricardo Neves-Neves, com referência aos festejos natalícios e à tradição inglesa.
No ramo expositivo, Álvaro Garrido organiza a mostra “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril”, inaugurada no dia 10 de dezembro. A exposição integra o seu propósito no programa comemorativo do 50º aniversário da revolução do 25 de abril. Já a Companhia de Música Teatral vai exibir o seu projeto “Mil Pássaros”, através de ações de formação, oficinas, conferências e espetáculos. Com um alcance estratégico, a iniciativa abrange todo o universo pré-escolar do concelho na área da arte para a infância. Coimbra vai acolher ainda as companhias do Teatro Nacional de S. Carlos e do Teatro Nacional D.Maria II.
A 10 e 11 de fevereiro, o Convento São Francisco, vai receber Dino D’Santiago, Tiago Pereira e Hugo van der Ding. Nos mesmos dias, há ainda uma oficina para pais e filhos sobre a inclusão e os seus princípios. Este fim de semana serve de ‘warm up’ para o Festival Política, que decorre no segundo semestre de 2023.
