Ensino Superior

A importância do diálogo sobre os Direitos Humanos 

Matilde Dias

NEFLUC e SDDH realizaram debate sobre Direitos Humanos no Mundial do Qatar. Discussão reuniu pessoas dentro e fora da comunidade da UC. Por Matilde Dias e Carolina Silva. 

Realizou-se hoje, dia 14 de dezembro, um debate sobre os Direitos Humanos e o Mundial de Futebol no Qatar, promovido pelo Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (NEFLUC/AAC) e a Secção de Defesa dos Direitos Humanos da Associação Académica de Coimbra (SDDH/AAC). Além destes, foi possível contar com a presença de João Leal Amado, professor catedrático da Faculdade de Direito da UC (FDUC), Rogério Vieira Gomes, membro da Amnistia Internacional – núcleo de Coimbra, e Inês Rua, doutoranda em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da UC. 

O Qatar tem sido o principal foco a nível mundial, não só devido à realização do maior campeonato de futebol, mas também pelas violações dos Direitos Humanos. A controvérsia deste tema tem levado à criação de espaços onde pessoas de todas as faixas etárias podem debater e partilhar a sua opinião sobre o assunto. 

“São estes pequenos debates multiplicados por muitos que depois fazem com que também num espaço mediático surjam tomadas de posição”, salientou João Leal Amado em relação à promoção destes diálogos por parte da UC. No entanto, sublinhou que estas discussões fazem parte de um processo que “nem sempre é linear”, uma vez que, segundo o mesmo, continuam a haver preconceitos, apesar dos avanços nas questões de igualdade e discriminação. 

Além destes temas, o docente destacou também a falta de sensibilização para questões como a  promoção do trabalho digno e a universalização dos direitos laborais. “É de reparar que, pelos números, terão morrido ou terão ficado com a saúde arruinada milhares de pessoas”, exemplificou João Leal Amado. 

Rogério Vieira Gomes realçou a importância da internet como difusor dos problemas atuais, principalmente no mundo do futebol. “A informação não era tão fácil de se obter, a maior parte da população não tinha noção do que acontecia”. Desenvolveu que “nem os atletas tinham informação, e por isso não se posicionaram como deviam, não porque não quiseram, mas sim por ignorância em relação aos assuntos”, destacou o mestre em Geografia Física.  

Além disso, abordou o facto de que o futebol está inserido num “circuito global do capitalismo”. Referiu que, cada vez mais, a população mais pobre é “descartável” e que o futebol global não precisa desse tipo de adeptos, mas sim de espectadores que consumam uma grande quantidade de produtos, sejam eles bilhetes ou camisolas da época em específico. 

Inês Rua apresentou outra perspetiva em relação a toda esta polémica. A jovem reforçou a necessidade de colocarmos o ponto de vista ocidental de parte para percebermos como a população do outro lado do globo se sente:  “não é excluir a perspectiva ocidental , mas existem outras que têm que ser tidas em conta”.

Em relação ao debate em si, o vice-presidente do NEFLUC, Gustavo Nunes, e Ana Ferreira, secretária da SDDH,  demonstraram-se felizes com o desfecho da discussão, pois foi possível a abordagem de outros temas importantes acerca dos Direitos Humanos, bem como ouvir opiniões do público presente. Ambos estimulam a continuação destes diálogos ao afirmar que “isto não pode ficar por aqui e as outras secções culturais e trabalhadores têm de ter um papel importante no que toca aos Direitos Humanos”.

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