Ensino Superior

Vice-presidente demite-se da DG/AAC

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João Diogo declara não se identificar mais com valores defendidos pela equipa. Presidente do órgão confessa que colega nunca o demonstrou e apela à consulta de atas públicas das reuniões da direção. Por Luísa Macedo Mendonça e Simão Moura

A cerca de dois meses do final do mandato, João Diogo, vice-presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) com a pasta dos núcleos apresentou a sua carta de demissão do cargo. Em comunicado, o antigo dirigente comenta que os valores pelos quais se candidatou nas eleições de 2021 (ao lado de Cesário Silva e, em continuidade, de João Caseiro) não correspondem aos que regem a DG/AAC hoje.

“Sinto que a minha integridade e aquilo em que acredito para a Académica tem que estar acima daquilo que está a acontecer”, esclarece João Diogo. O academista fez menção à falta lealdade de certos colegas (os quais se recusa a nomear) face aos pilares delineados na campanha eleitoral nas eleições de 2021, quando a Lista V – Académica de Valores era ainda encabeçada por Cesário Silva. Além disso, João Diogo também fala do efeito adverso que a sua permanência no órgão estava a ter na sua vida pessoal e bem-estar. Face ao facto de ter iniciado a sua vida profissional durante o último mandato, o agora ex-vice-presidente ressalva o facto de sempre ter dado “tudo por tudo para honrar os Valores a que me comprometi pela Académica”.

Quando questionado sobre os casos específicos a que se refere no comunicado, o antigo vice-presidente responde que “vai ser claro o que se está a passar daqui a uns tempos e caberá aos estudantes e à própria Academia tirar as conclusões que quiserem”. No entanto, alude a uma diminuição da seriedade com que os membros da DG/AAC encaram os seus deveres. “Quer se renove o mandato ou não, é para se estar a 100 por cento do início ao fim e, se não estão, eu também não consigo estar”, declara. 

O antigo presidente do Núcleo de Estudantes de Engenharia Mecânica da AAC considera esta a hora oportuna para a sua saída da DG/AAC. “As pessoas têm que saber quando têm que sair”, remata o estudante, que decidiu esperar até ao final da Festa das Latas para abandonar o cargo “devido à sua importância para a Academia”, pelo que tinha vontade de dar o seu contributo. “Fi-lo isoladamente, tanto que não houve mais nenhuma demissão”, refere, e mostra-se disponível para “esclarecer qualquer “burburinho” que surja nos próximos dias”.

Face ao dito por João Diogo, o presidente da DG/AAC, João Caseiro, confessa que não consegue “ver os factos como ele os tenta caracterizar”. Na verdade, admite que Diogo “poderá, nalgum momento, ter discordado do modus operandi e de algumas decisões tomadas” uma vez que “as visões nem sempre coincidem e nem todas as decisões são tomadas por consenso”. Ressalta ainda que o antigo colega “está numa fase da vida em que também já está focado no seu percurso profissional e em que poderá ter deixado de se rever no projeto, como ele mesmo disse”. Ainda assim, acredita que “temos feito o trabalho da melhor forma possível e eu acredito que não é uma demissão que vá mudar esse trabalho que esta equipa tem vindo a fazer e vai continuar a fazer”.

João Caseiro evidenciou ainda que Diogo tinha “voz ativa na direção, que reunia, e reúne, todas as semanas” onde o colega “poderia ter participado ativamente ao expor a sua visão acerca da realidade da DG/AAC”. Neste contexto, Caseiro remete para a consulta das atas públicas dessas reuniões, uma vez que declara que não se recorda de nenhuma ata ou reunião em que João Diogo tenha “mostrado a sua discordância com a atuação da DG/AAC ou colocado em causa o trabalho feito por nós até então” e acrescenta ainda sentir “satisfação pelo trabalho realizado” por parte do resto da equipa. “Descrever “inúmeras situações” acaba por ser bastante abrangente e também pouco preciso, tendo em conta a situação que é”, conclui.

De qualquer forma, João Diogo não planeia voltar a candidatar-se, por qualquer lista, para qualquer cargo dentro da AAC ou da Universidade de Coimbra. “O meu futuro no associativismo está terminado”, pontua. Nem o antigo vice-presidente, nem João Caseiro preveem grandes mudanças no funcionamento do órgão. O presidente da DG/AAC explica que “em termos estatutários” é preciso substituir João Diogo, e nomeia Madalena Caetano, vogal do Pelouro de Política Cultural, como uma possível candidata, mas “em termos orgânicos”, não espera muita mudança “tendo em conta que os coordenadores dos pelouros tutelados por João Diogo já eram bastante autónomos e estes já estão a trabalhar de forma bastante eficaz e produtiva, com um trabalho exemplar”, pelo que “não fará sentido, nestes últimos 2 meses, descaracterizar a equipa ou colocar os outros vice-presidentes com a pasta”, remata João Caseiro. 

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