Projeto tem como finalidade tratar cancro e melhorar metodologias. Líder do estudo reforça que “processo é dispendioso e demorado”. Por Luís Gonçalves e Hugo Marques
A plataforma desenvolvida para prever o efeito da combinação de fármacos para tratar o cancro iniciou-se há três anos como parte de uma tese de doutoramento. O projeto é liderado por Irina Moreira, docente na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e pelos investigadores António Preto, Pedro Matos-Filipe e Joana Mourão.
O site ‘Synpred’ foi desenvolvido com o objetivo de antecipar a resposta biológica da combinação de fármacos anticancerígenos e tem como finalidade dar resposta a tal problema. Foram utilizados dados de farmacologia de compostos, informação de base biológica e, por fim, uma panóplia de algoritmos computacionais.
De acordo com Irina Moreira, o tema continua a ser um problema grave apesar de todas as tentativas para se encontrar meios eficazes para o tratamento da doença. A equipa vê no estudo “uma oportunidade para contribuir na procura de novas tecnologias e métodos”, afirma a docente. No entanto, entende que um dos grandes problemas continua a ser a reação que se tem às terapias existentes.
O projeto explora ainda seis modelos para caracterizar as combinações de fármacos e encontrar a melhor forma para atuar no tratamento da doença, ao utilizar todas as métricas existentes. A investigadora diz que “o processo é bastante dispendioso e demorado” por ter a duração de dez anos e ser necessário gastar 1,8 milhões de dólares para ter o produto no mercado. Irina Moreira indica que uma das razões para a extensão do estudo é a fase de pesquisa, “etapa mais importante”
A equipa pretende continuar a melhorar as metodologias do estudo, dadas as “vantagens para a indústria farmacêutica e para a investigação de doenças mais complexas”, refere a docente da FCTUC. Por isso, considera importante trabalhar no combate ao cancro e “outras patologias que vão surgir no futuro”, dado o envelhecimento da população. De acordo com Irina Moreira “prevê-se que, em 2050, uma em cada seis pessoas no mundo tenha mais de 65 anos”.
