Atrasos na lacragem de pautas impede alunos de ingressar no segundo ciclo. Rafael Assunção promete lutar até “última gota de sangue” para resolver problema. Por Simão Moura
Encabeçados pelos membros do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra(NED/AAC), os estudantes reuniram-se hoje ao início da tarde no Paço das Escolas numa manifestação por melhores condições no ensino. Em questão está o atraso na divulgação das notas de uma cadeira do curso de direito, cujas repercussões não permitiram o ingresso de vários alunos no mestrado.
O presidente do NED/AAC, Rafael Assunção, explica em comunicado que o atraso na divulgação das pautas levou à “malfadada circunstância” de os estudantes candidatos a mestrado abdicarem de orais de melhoria. No mesmo texto, lê-se que a Direção da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FDUC) se tinha comprometido com a lacragem atempada das pautas, algo que não chegou a cumprir. Desta forma, Rafael Assunção convocou os estudantes a juntarem a sua voz numa manifestação “no intuito de zelar pelos interesses de todos os estudantes”.
Rafael Assunção destaca o início tardio das aulas como uma das razões que agravou este atraso, que coloca “todo o percurso académico e pessoal dos estudantes em risco”, e chama a atenção para as inseguranças que causa nos afetados. A realização da Festa das Latas também contribuiu para o sucedido ao obrigar ao adiamento de avaliações para data posterior.
Eduardo Amado, aluno de segundo ano na FDUC, comenta que “mesmo que fosse um ou dois (estudantes) já era mau, agora cinquenta é irresponsável e de baixo nível”. O discente veio à manifestação no intuito de ver a Direção reconhecer o seu erro e fazer com que o tente solucionar. “Só queria que resolvessem esta situação, são cinquenta dos meus colegas que à partida não vão poder frequentar o ensino superior por incompetência administrativa”, reforça Eduardo Amado.
Por sua vez, António Simões (nome fictício), que entrou este ano no mestrado, refere que esta situação origina de questões que já não são recentes, como uma falta de docentes. “Enquanto esses problemas não forem resolvidos, vão acontecer situações destas”, diz António Simões. Maria Mailho, aluna de terceiro ano do Curso de Direito, partilha a sua opinião e realça que, neste contexto, “o problema é que temos sempre o mesmo problema: há falta de docentes nesta universidade”. Para além disso, alude a outras questões e que espera que a direção tenha “uma resposta proactiva”.
Com efeito, Rafael Assunção mencionou que, para além a falta de professores, a FDUC sofre de salas de aula sem espaço para as turmas. “Temos alunos sentados no chão das salas de aula, o que, para mim, é um ato desumano”, comenta o dirigente. De regresso ao atraso na divulgação das pautas, Rafael Assunção sublinha que já se deu uma reunião entre a Direção da FDUC e o NED/AAC, na qual foram discutidas várias sugestões, como a abertura de uma fase de candidaturas extraordinária para acomodar os lesados. O presidente lamenta que este seja um problema recorrente, mas faz questão de notar que é a primeira vez que lida com algo desta dimensão e que a Direção da FDUC teve sempre uma posição de cooperação com o NED/AAC.
Rafael Assunção declara que o Núcleo se vai bater “até à ultima gota de sangue” para que os alunos possam ingressar no segundo ciclo o mais depressa possível. O evento, que decorreu sobretudo no Paço das Escolas, resultou no fecho temporário da Porta Férrea, onde os estudantes se reuniram a entoar canções reivindicativas. Para além desta manifestação, o NED/AAC reuniu com os estudantes no StudentHub hoje às 18:00 para discutir o seu próximo passo. O presidente termina ao dizer que o objetivo é “encontrar a solução de forma aberta e não de forma unilateral”.
