Campus europeu do EC2U junta sete universidades europeias. Vice-reitor da UC para as Relações Externas faz balanço “muito positivo” do projeto. Por Raquel Lucas e Gabriela Moore
Na semana passada decorreu em Iasi, na Roménia, o V Fórum da Aliança EC2U (Campus Europeu de Cidades Universitárias). Além da Universidade de Coimbra (UC), estiveram presentes a representar a cidade a Associação Académica de Coimbra (AAC), a Erasmus Student Network (ESN) – Coimbra e a Câmara Municipal de Coimbra (CMC).
O EC2U é um consórcio do qual faz parte a UC, em conjunto com outras seis instituições da Alemanha, Espanha, Finlândia, França, Itália e Roménia, também caracterizadas por serem cidades universitárias. O Fórum da Aliança EC2U ocorre a cada seis meses e o seu objetivo principal é juntar a comunidade estudantil, entidades locais e regionais e proporcionar encontros de reflexão sobre as mais diversas temáticas a envolver as comunidades académicas dos parceiros.
O vice-reitor da UC para as Relações Externas, João Nuno Calvão, refere que o campus europeu do EC2U está a ser avaliado como “exemplar” pela União Europeia (UE), apesar de existirem, ainda, algumas dificuldades. Estas dão-se, em especial, na procura por políticas que possam ser aplicadas a todos os envolvidos, dado que se tratam de “países diferentes, com legislações e regras distintas”, como lembra o vice-reitor. Além disso, existe também a questão da diferença em termos de financiamento, já que alguns países têm a capacidade de ceder mais dinheiro no projeto, que já é financiado pela UE.
No entanto, João Nuno Calvão faz um balanço “muito positivo” do evento. De acordo com o também docente da Faculdade de Direito da UC, o “trabalho colaborativo entre investigadores” e o “grande envolvimento da comunidade académica” tem vindo a “projetar futuros passos” para a instituição. Aponta ainda a presença do vice-reitor da Universidade de Lviv, instituição ucraniana, enquanto parceiro associado desta edição. A sua participação mostrou uma “cumplicidade entre a UC e os valores prezados pela UE”, numa ótica de “solidariedade para com o povo ucraniano”, comentou João Nuno Calvão.
A participação da UC nesta aliança é um aspeto encarado pelo docente como “importantíssimo”, na medida em que remete para uma “posição de prestígio” por parte da instituição. Desta forma, João Nuno Calvão remete para as oportunidades de financiamento e o desenvolvimento de atividades que vão levar ao objetivo final de “internacionalização da UC”.
O vice-reitor faz ainda referência ao grande envolvimento dos estudantes das universidades parceiras, em especial à Direção-Geral da AAC, que também esteve na Roménia. O docente refere que está a ser pensada a criação de um Conselho de Estudantes, que ajude a “estruturar as grandes linhas estratégicas e os rumos que este campus europeu deve tomar”.
Associativismo e estreitamento de relações
Além das universidades, esta aliança engloba também outros parceiros, entre eles as suas respetivas associações estudantis. Neste sentido, o vice-presidente da Direção-Geral da AAC (DG/AAC) para a Cultura e Apoio Social, Daniel Aragão, explica que foi a primeira vez que a AAC esteve presente de forma ativa nas discussões. Na edição anterior a participação estava a ser planeada pelo ex-presidente da DG/AAC, Cesário Silva. Por não conseguir estar presente, foi-lhe feita uma homenagem em Pavia, Itália.
Daniel Aragão valoriza o espaço deste campus europeu como um local “onde se pensam projetos, iniciativas de comunhão, de experiências, do conhecimento e de interatividade”. Explica também que os projetos desenvolvidos e discutidos nesta aliança, por serem apoiados pela UE, “têm eixos de desenvolvimento a nível da sustentabilidade e dos Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas”. É neste âmbito que importa salientar a participação da CMC no evento.
Enquanto entidade parceira com assento no EC2U Plenary Council, órgão consultivo da Comissão Executiva da Aliança, a participação da CMC no consórcio assentou na sua “ambição de desenvolver um espaço inovador de mobilidade universitária”. De acordo com o município, este objetivo assenta na agregação das “sete instituições, respetivas cidades e outros parceiros associados com a AAC e a ESN -Coimbra”.
No que concerne às adversidades enfrentadas pelas entidades envolvidas, vários temas foram discutidos por parte da entidade, com especial foco na questão ambiental. De acordo com a autarquia, o objetivo é “colocar o município na vanguarda da luta contra as alterações climáticas e na preservação do meio ambiente”. Nesse sentido, a CMC integrou uma sessão dedicada ao conceito de ‘Citizen Science’ (Ciência Cidadã), o que veio “possibilitar um posicionamento forte da cidade enquanto parceira estratégica” da Aliança, ideia explícita em nota de imprensa por parte da entidade.
“A importância da participação dos municípios nos consórcios universitários, em particular a EC2U, revela-se bastante significativa”, referiu o município. Tal deve-se à possibilidade de criação de laços institucionais e internacionais significativos e de funções em rede com as demais instituições sobre questões pertinentes. Para além disso, o envolvimento ativo da CMC veio “possibilitar um posicionamento forte da cidade” enquanto parceira e estreitar relações europeias em termos culturais, internacionais e de mobilidade.
