Cultura

135 anos de história, deixa a tu(n)a ficar na memória

Luísa Macedo Mendonça

Grupos académicos antecederem os cabeças de cartaz gerou controvérsia entre os presentes. Phartuna, Mondeguinas e TMUC foram os grupos protagonistas da abertura da FL’22. Por Raquel Lucas, Luísa Macedo Mendonça e Fábio Torres.

A primeira noite da Festa das Latas e Imposição de Insígnias 2022 (FL’22) começou dia 5, com a atuação da Phartuna – tuna mista da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). A noite na Praça da Canção não esqueceu as restantes tunas da casa, com a participação das Mondeguinas e da Tuna de Medicina da UC (TMUC). Ainda assim, problemas como os limitadores de som e as pulseiras ‘cashless’ foram dois dos tópicos tratados como negativos da noite. No entanto, o vice-presidente para a cultura da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, Daniel Aragão, fez “um balanço positivo” desta edição.

A noite começou cedo para os tunos da Faculdade de Farmácia ao atuarem antes dos cabeças de cartaz. Phartuna cantou desde originais como “Chuva”, até à adaptação do clássico português “Desfolhada”, de Simone de Oliveira. Nichita Ticu, aluno de física na UC, declarou ter ficado “surpreendido com a quantidade de gente que veio ver a Phartuna”, e realçou que “apenas demonstra o bom trabalho que tem sido feito” pelo grupo académico. Ainda assim, a opinião acerca da abertura das noites da latada foi bastante controversa entre tunos dos três grupos e o público.

Luísa Macedo Mendonça

Perto das 03h40, após a atuação dos Wet Bed Gang, as Mondeguinas pisaram o palco e continuaram a animação no palco principal. Embora a migração de público para a tenda tenha sido mais acentuada do que o desejável, o grupo académico feminino mostrou-se empenhado em fazer memórias na sua única atuação no recinto. Matilde Maia, atual presidente das Mondeguinas, admitiu, no entanto, que já esperava a “baixa adesão”. Por sua vez, Inês Ladeiro revelou sentir “desrespeito” por parte da organização face às tunas, e pensa que se “deve pensar mais em grupos académicos e menos em orçamento”. Não obstante, a presidente do grupo considerou que este ano houve uma “pequena melhoria”, em relação ao ano passado.

Luísa Macedo Mendonça

Luís Afonso, estudante de Contabilidade e Auditoria do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, descreveu a primeira noite no recinto como “muito boa”. Quando questionado sobre o grupo académico feminino, confessou não estar à espera de as ouvir e de “gostar tanto”. O tema “Tinta verde” foi o que o mais agradou, tanto que apelou à sua repetição, mesmo sem sucesso. Ainda assim, relembrou e homenageou todos aqueles a quem as atuações de artistas como SippinPurpp trouxeram à tona memórias e traumas de infância.

De seguida, coube à TMUC encerrar o palco principal e garantir que a primeira noite da FL-22 ficasse marcada na mente dos presentes. Tal como aconteceu com a tuna anterior, também a quantidade de pessoas a assistir não chegou perto do tamanho da plateia dos cabeças de cartaz, mas o entusiasmo, com certeza, ultrapassou. Os elementos em palco conseguiram passar energia e alegria na sua atuação.

O grupo académico foi recebido com cartazes e grande emoção por parte do público que, do início ao fim, se manteve ativo e animado. Temas como “Voltar atrás”, “Coimbra dos amores” e “Briosa” foram alguns dos apresentados. “Adoramos, vibramos, e está toda a gente sempre a saltar e cantar, é único”, relatou Catarina Providência, estudante de medicina na UC. De facto, a TMUC foi o grupo académico com o público mais eufórico da noite.

Luísa Macedo Mendonça

Ainda assim, o que as tunas mais demonstraram foi o descontentamento face à regra limitadora de som. Trata-se de uma norma imposta pela Câmara Municipal de Coimbra que determina a obrigatoriedade de redução de volume a partir das quatro da manhã. O presidente da TMUC, André Loureiro (ou ‘razat’, como é conhecido no grupo), confessou que atuar no final da noite “significa que o som do espetáculo vai ser mais baixo”, pelo que “os últimos grupos saem, por isso, prejudicados” na altura em que teriam mais público potencial a assistir.

Outra questão apresentada foi a abertura das atuações por tunas, que, de acordo com os integrantes, faz com que tenham que “abdicar de público”, explicou o dirigente da TMUC. Estes problemas foram comentados também por Matilde Maia, que lamentou a diferença de tratamento entre os artistas “cabeça de cartaz” e os grupos tradicionais. “As tunas representam muito daquilo que é Coimbra e acho que deve ter o destaque que merecem”, concluiu Nichita Ticu.

Luísa Macedo Mendonça
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