Ensino Superior

Rapótaxo e Fantasmas pedem ajuda para comprar edifício

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Estudantes pedem contribuição de 10% do valor do imóvel à CMC. Repúblicos consideram “de interesse municipal” ajuda na compra da casa. Por Luísa Macedo Mendonça e Simão Moura

Após cerca de 70 anos de existência, a Real República dos Fantasmas e a República Rapó-Taxo vêem-se na necessidade de recorrer à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e à Universidade de Coimbra (UC) para comprar o edifício que partilham no Bairro Sousa Pinto, em Coimbra. Trata-se de um pedido de comparticipação de 10% do valor a cada entidade. Estes desenvolvimentos devem-se à iminente ação de despejo por parte do senhorio. 

As dificuldades no pagamento de rendas por parte dos estudantes que habitam nessas casas, os repúblicos, advêm do Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU), que, como explica Soraia Freitas da Real República Rapó-Táxo, tirou o lugar aos “contratos antigos de longa duração, que passaram a ser de períodos muito curtos que estão agora a terminar. A maior parte das casas que não conseguiram comprar o imóvel estão em risco de terminar.”. A república alerta ainda para o facto de daqui a 10 anos poder haver “metade das Repúblicas que existem hoje em dia”.

A origem destas instituições remonta aos tempos de D. Dinis e de D. João III, aquando do estabelecimento definitivo da Universidade em Coimbra. Assim, as Repúblicas são um ponto essencial no património cultural conimbricense e, como refere Soraia Freitas, “neste momento, fazem parte da candidatura para serem classificadas como património da UNESCO entre a alta e a sofia”, para além de que “são património da entidade histórico-social e cultural local dado pela própria CMC há 4 anos atrás”.

Na sequência deste reconhecimento da importância destas casas no património da cidade, os repúblicos das duas casas em questão consideram que “faz todo o sentido a câmara ajudar a salvaguardar esse património”, como ressalta Soraia Freitas. Por sua vez, Orest Martyn, da Real República dos Fantasmas considera ser “do interesse municipal a compra deste imóvel”, ao argumentar que a CMC e a Direção Geral da Cultura declaram as repúblicas como “atrativo turístico importante para a zona”, e refere ainda o referido no site da CMC: “a vivência nas Repúblicas de estudantes são também marcas intangíveis ligadas à preservação desse património [imaterial ligado à Universidade]”. Assim, o repúblico considera que, tanto a CMC, como a UC, “poderiam ajudar na preservação destas duas casas”.

Bárbara Braga, do  Pelouro da Cultura da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) e Coordenadora da Cultura Universitária, destacou a importância da permanência das Repúblicas no imóvel em questão, visto que “perdiam a identidade se tivessem que mudar, uma vez que a  história da casa e dos repúblicos está lá na casa”. Quanto a este assunto, a DG/AAC tem adotado uma “postura de mediação” entre a CMC e os repúblicos. Bárbara Braga comenta que “seria de boa fé a CMC ajudar ou até comprar a casa para resolver o assunto e até facilitar quaisquer renovações”. Neste momento, está agendada uma segunda reunião para dia 4 de outubro para discutir o assunto.

Artigo em atualização.

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