Cultura

Jazz ao Centro volta a Coimbra

Fotografia cedida por JACC

Vigésima edição do festival sintetiza os últimos dezanove anos. Evento conta com presença de nomes novos e artistas conhecidos. Por Simão Moura

A vigésima edição do Festival Jazz ao Centro começou ontem, com o concerto de abertura às 21h30 no Salão Brazil. Fãs e artistas concentram-se em Coimbra para assistir e participar no evento, que vai durar até dia 23 de outubro.

O diretor artístico do encontro, José Miguel Pereira, comenta que o número “redondo” da edição é “muito propício a balanços”, pelo que, este ano, o festival “sintetiza na perfeição o percurso iniciado em 2003”, como se lê no comunicado. “O que é novo são as abordagens que surgem de músicos que estão a testar os limites dos seus instrumentos, novas abordagens em relação à composição ou até a juntarem ao jazz outros géneros musicais”, reitera.

Segundo o dirigente, um dos pilares da organização do evento é mostrar a diversidade que este género musical adquiriu ao longo dos seus mais de cem anos de existência. José Miguel Pereira defende que o jazz é “global, interpretado por gente nos quatro cantos do mundo”. “A música continua relevante pela sua diversidade e pela capacidade para que músicos se juntem em qualquer sítio e tenham uma linguagem em comum”, justifica.

O encontro também se entende como um momento de criação, do qual já originaram vários discos. Desde o seu início em 2003 que este conceito está presente. O diretor chama a este processo de produção “residência artística”, no qual os artistas que são convidados a participar gravam as suas peças ao vivo ao longo da sua estadia em Coimbra, durante o evento. Relata que está a decorrer a vigésima sexta edição de gravações e prevê que, em 2023 “haja mais de 30 discos gravados no festival Jazz ao centro”.

O objetivo é dar a conhecer tanto novos músicos que possam estar a começar a sua carreira como artistas famosos. José Miguel Pereira reitera que “nunca se faria um festival a apresentar só novos nomes ou só nomes consolidados”. Quanto ao último caso, assegura que “na edição deste ano há músicos, tanto estrangeiros como portugueses, que são incontornáveis”. Dá como exemplo o saxofonista alemão Peter Brötzmann, com cinco décadas de experiência no jazz europeu, o pianista Mário Laginha, e Maria João e Carlos Bica, que voltam nesta edição do Festival para mostrar o seu disco mais recente.

No que toca à relação do Festival Jazz ao Centro com a cidade, o diretor descreve-a como “quase umbilical”. De acordo com o dirigente, a Associação Jazz ao Centro Clube (JACC) não existia na primeira edição do festival, em 2003, mas havia um grupo com interesse numa “programação regular de jazz na cidade”. Hoje, a JACC gere o Salão Brasil e organiza o encontro.

Sem descurar as ações de outros grupos conimbricenses com agendas semelhantes, José Miguel Pereira declara que “o papel que o JACC assumiu ao longo dos últimos anos é insubstituível, pelo menos nos dias que correm”. “A relação com a cidade está sempre a ser testada e este é mais um teste”, assegura o dirigente. Continua ao dizer que as pessoas “querem é saber se vão ver alguma coisa de novo e podemos garantir que muitas das propostas que aqui estão são muito difíceis de serem apresentadas noutros contextos”.

“O pedido que fazemos ao público é que tenham curiosidade, no festival Jazz ao Centro podem ver coisas que é raro ver noutros contextos”, pontua José Miguel Pereira. A organização planeia renovar o evento para o próximo ano. Os bilhetes já estão à venda, com preços entre os dez a quinze euros por concerto. Mais informações sobre o festival podem ser consultadas no sítio da JACC.

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