Estudo avalia impactos da pandemia no cotidiano de jovens. Portugueses com maior dificuldade em aceitar restrições. Por Sofia Ramos
O projeto que analisou o impacto da pandemia nas escolhas de jovens no mercado turístico foi condecorado pela editora científica internacional com um ‘Emerald Literati Award’. O estudo de 2021 foca-se na experiência de jovens portugueses, egípcios e turcos.
Liderado por Cláudia Seabra, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o trabalho “‘Restrictions’ acceptance and risk perception by young generations in a COVID-19 context’” contou com o envolvimento de investigadores de cinco países e com correspondentes de 97 nações . O questionário foi traduzido em 17 línguas.
Cláudia Seabra partilha que terminaram com mais de cinco mil respostas. A investigadora acredita que a elevada adesão se deve ao tópico ser algo “que naquele momento estava a ter um impacto muito forte na vida”.
A investigadora explica que o inquérito foi construído em fevereiro de 2020, quando os casos de infectados ainda se encontram centralizados na Ásia. “Era interessante fazer um estudo para perceber até que ponto é que a Covid pode ter um impacto nas viagens internacionais”. Com a expansão da mesma e o contacto com investigadores de vários países foi possível compilar dados de 348 jovens dos países em estudo.
“Avaliamos sobretudo o impacto da pandemia na vida quotidiana, assim como os planos de vida e viagens futuras”, explica Cláudia Seabra. Os resultados mostraram que os jovens portugueses “sentiram menos medo da pandemia”, no entanto, “tiveram mais dificuldade em aceitar as restrições impostas pelos governos”, em particular a limitação das fronteiras.
A docente explica que os resultados refletem a realidade em que os jovens portugueses crescem, com segurança de saúde e “sempre habituados a poder viajar livremente para grande parte dos países”. A investigadora celebra a distinção e acredita que a mesma “demonstra que a investigação em turismo está a ganhar relevância” e que a FLUC e o Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) “começam a ter algum impacto e notoriedade”.
